quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Definitivo

Estava rindo à toa na rua e uma conclusão me atingiu como um raio: você me faz bem.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Papo de Butiquim

Vem assim do ar, com quem não quer nada, como algo que tenta respirar no abismo profundo que foi o corte de navalha no meu coração.

Projeto Lé com Cré

Encontros entre músicos de diferentes gêneros e trajetórias musicais a partir de 4 grandes temas que circundam a infância: o brinquedo, o sonho, a roda e o circo. O diálogo musical não se produz apenas com artistas que fazem música para o público infantil. A proposta é transcender a idéia de que exista música para crianças e música para adultos, ao promover espetáculos cujo repertório e performance sirvam de contato entre os 2 universos. Durante um mês, a cada semana, um espetáculo apresenta 2 formações musicais que se combinam a partir dos temas propostos.

Onde? No Teatro do CCBB.
Quando? Terças, às 13h e às 19h30.
Programação:

- 3/10 - O Brinquedo - com Badi Assad e Barbatuques
Como instrumentista, Badi Assad sempre imprimiu a marca da experimentação e diversidade. Violonista virtuosa, nunca se limita ao repertório e brinca com os instrumentos. Tocá-los com o pé ou com a mão, o que importa é produzir som de maneira lúdica. Badi também utiliza diversas técnicas vocais e de percussão corporal. O grupo Barbatuques brinca de tirar som do que, à primeira vista, não é um instrumento musical: o próprio corpo. O corpo é explorado das mais variadas maneiras, tornando-se um complexo de instrumentos percussivos, de onde se descobre uma variedade de timbres, melodias e cadências rítmicas.

- 10/10 - O Sonho - com Ceumar e Mawaca
A cantora e violonista Ceumar reúne em seu repertório canções cheias de lirismo. Segura e delicada, sua voz nos embala para o campo do sonho. O Mawaca estabelece conexões entre vários estilos, sotaques e ritmos, transformando uma canção arcaica em algo extremamente atraente aos ouvidos contemporâneos. O grupo pesquisa e recria a música das mais diversificadas etnias buscando conexões com a música brasileira. O figurino e coreografias trazem para o palco uma atmosfera onírica, onde o exótico parece-nos familiar, onde línguas e sons se misturam.

- 17/10 - A Roda - com Renata Rosa e Mundaréu

Renata Rosa é compositora e rabequeira. O timbre e a expressividade de sua voz impressionam pela relação direta com as vozes femininas do nordeste. Em suas músicas explora a riqueza sonora do baixo São Francisco alagoano e da Zona da Mata pernambucana: rodas de coco, maracatu rural, cavalo-marinho, ciranda e boi. O grupo Mundaréu, de Curitiba, é composto por músicos, bonequeiros e cantores que reúnem em seu repertório músicas da tradição oral, recolhidas em suas viagens e pesquisas pelo Brasil.

- 24/10 - O Circo - com Anima e Antúlio Madureira

A música do sexteto Anima é tecida sob as malhas do antigo e do tradicional. Apresenta um repertório baseado na música brasileira de tradição oral, estabelecendo ligações com o cancioneiro antigo da Europa. Antúlio Madureira trabalhou com o Balé Popular do Recife, fundado por sua família em 1977. Participou do Quinteto Armorial, da Orquestra Romançal e do Trio Romançal Brasileiro. Tornou-se um artesão musical, que cria, recria e aperfeiçoa instrumentos a partir de objetos comuns.
Fonte: BB Cultura

Próximos shows a conferir

Para colaborar com a minha organização e, principalmente, pra eu não esquecer dos shows que vou (hehe), fiz uma lista das próximas atrações de Sampa.

Ultimamente estou numa investida frenética em idas a shows de todos os tipos, talvez, inconscientemente, numa leve intenção de virar crítica (hahaha), até porque vou voltar a estudar música e nada melhor do que reaquecer bem os ouvidos. Sem contar que tem MUITA coisa boa rolando na cidade e não dá pra perder certas chances.

Portanto, a lista:



  • 9, 10 e 11/11 – 5ª, 6ª e sábado – Roberto Carlos – Credicard Hall – 5ª 21h30/ 6ª e sábado 22h - $60 a $190

  • 11/11 – sábado - Black Eyed Peas Anhembi - horário e preço a confirmar

  • 13 e 14/11 – 2ª e 3ª – New Order – Via Funchal – 22h – $150 a $250

  • 25/11 - sábado - Nokia Trends: The Bravery, 2manydjs, Ladytron, Soulwax, Hot Hot Heat, James Holden - Anhembi - horário a confirmar - $120,00

  • 7 e 8/12 5ª e 6ª – The Cult Credicard Hall21h30/22h $90 a $240

  • toda 4ª – Jamelão – Bar Brahma – 22h30 - $30

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Só esse findi!

Tem a XI Brooklinfest!

Nos dias 7 e 8 de outubro com expositores, bandas e grupos de dança típicos, que animam a platéia com ritmos alemães, e o Espaço Criança, com as tradicionas brincadeiras de rua, oficinas e jogos educativos.

Acontece entre as ruas Joaquim Nabuco, Barão do Triunfo e Princesa Isabel, entre a av. Santo Amaro e Vereador José Diniz, das 10h às 22h.

Sugiro uma passadinha no estande da Minina di Minas da Gra Starling na Rua Joaquim Nabuco #17 (do lado oposto ao Banespa).

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Semana do II Corredor Literário na Paulista

Livros! Sim! Na Paulista! Sim! O que qualquer morador dessa cidade poderia desejar mais? :D

Saraus, debates, feira de livros, tem de tudo. Veja a programação toda aqui.

Mas corra porque é só essa semana. ;)

Mas a palhaçada continua

Além de todo esse circo político que temos que aguentar no Brasil de 2 em 2 anos para eleições diversas, ainda temos que aceitar uma lei absurda de que ninguém pode ser preso dias antes da votação a não ser que seja pego em flagra.

hahahahahahahahahaha

Não sei se é só o nosso país que tem esse tipo de coisa, mas que é a coisa mais ridícula que eu já ouvi na vida, ah, isso é!

É rir pra não chorar. Na onda do Simão, eu queria pingar um colírio alucinógeno agorinha pra esquecer desse tipo de palhaçada verde e amarela.

Fala sério!

Como alguém pode eleger para QUALQUER COISA um cara que foi nada menos que o presidente do país, fez todo mundo de palhaço e ainda por cima foi IMPEACHMADO?????

Essas e outras coisas que os brasileiros fazem não consigo entender. E isso me deixa INDIGNADAAAAAA!

Que o Maluf ia ser o deputado mais votado, isso era óbvio, porque existem muitos malufistas no Brasil. Mas o cara não foi presidente nem impeachmado! O Collor deve estar agora dando risada da cara de todo mundo.

Pior que isso só o fato de saber que ele vai ocupar a antiga cadeira da Heloísa Helena no senado. tsc tsc

Brasileiro é burro e nosso governo está fadado ao fundo do poço. Por que a memória política do povo é tão curta? Tão curta que faz pessoas como o Pallocci ser eleito poucos meses depois da maior onda de corrupção PROVADA no país na qual estava totalmente envolvido.

Será que vale a pena manter a esperança de que um dia isso vai mudar?

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Dia de São Cosme e Damião

Foi na Lapa comprar guloseimas e ganhou uma bala na cabeça e outra no coração.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Coelhos atores

Interpretam 'Tubarão' e 'Cães de Aluguel'. *rs

Assista aqui.

Só vendo pra crer... ;)

This is the day

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Reformulando o armário

Esse fim-de-semana tem a volta do Mercado Mundo Mix!

Serão comemorados 12 anos de existência no Pavilhão da Criatividade - Darcy Ribeiro, com o tema 'Novos Talentos, Novas Idéias e Velhos Amigos.' Tudo isso envolvendo arte, música, moda e comportamento. O que mais um paulistano poderia querer? :D

Então...

23 e 24 de setembro - sábado e domingo
Local: Memorial da América Latina - Rua Auro Soares de Moura Andrade, 664 - entrada pelo portão 9 - em frente à saída do metrô Barra Funda
Horário: das 14h às 22h
Preços: $2 com flyer - arrecadação com a venda dos ingressos será revertida para a ONG Turma do Bem



P.S. Eu recomendo dar uma passadinha no estande da Minina Di Minas (Gra Starling), que tem os brincos MAIS lindos! E sua amiga faz as bolsas mais legais do mundo com alças que na verdade são Havaianas! Um luxo só. Criatividade pura. Vale muito a pena. ;)

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Filmes macabros

A onda de colocar nomes em imagens continua e dessa vez é totalmente interativa e foi criada pela M&M's.

Tente descobrir os 50 filmes sombrios escondidos em um quadro aqui. Quem se arrisca? :)

O Brasil no Oscar

Há alguns dias saiu a lista das produções brasileiras que iriam concorrer à vaga de representante brasileiro no Oscar 2007 para melhor filme estrangeiro.

Os filmes eram: Zuzu Angel, Vida de Menina, Cafundó, A Máquina, Bens Confiscados, Doutores da Alegria, Irma Vap - O Retorno, Depois Daquele Baile, Anjos do Sol, O Maior Amor do Mundo, Tapete Vermelho, Estamira e Cinema, Aspirinas e Urubus.

Na tarde de ontem saiu o resultado do grande escolhido. E para minha surpresa e êxtase, o Ministério da Cultura decidiu que seria Cinema, Aspirinas e Urubus. :D

Eu tinha quase certeza de que o escolhido seria Zuzu Angel, afinal, a mídia e a verba de marketing de um filme costumam definir isso. Mas para meu espanto, escolheram o filme que realmente merecia, uma raridade nesta terra onde o cinema evolui a cada dia mas ainda é considerado por muitos um grande fracasso.

Bem, de fracasso Cinema, Aspirinas e Urubus não tem nada. Suas chances são realmente ótimas graças ao pernambucano Marcelo Gomes, que surpreendeu o país em seu primeiro longa-metragem que conta a história de Johann (Peter Ketnath), uma alemão fugido da guerra, e Ranulpho (João Miguel), um brasileiro que quer escapar da seca que assola o sertão nordestino. O filme se passa no ano de 1942 e mostra a viagem dos dois, que vão de povoado em povoado exibir filmes para pessoas que nunca haviam conhecido o cinema, a fim de vender um remédio 'milagroso'.

Cinema, Aspirinas e Urubus já havia sido reconhecido lá fora, tendo sido premiado em diversos festivais internacionais, como em Mar Del Plata, Lima, méxico e Portugal. Além disso, foi eleito o melhor filme pelo júri da 29a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo ano passado.

Os responsáveis por fazer esse filme adentrar o mundo do Oscar e divulgá-lo mundialmente são: Orlando Senna (secretário do Audiovisual), Andrucha Waddington (cineasta), Sandra Werneck (cineasta), Jorge Bodanzky (cineasta), Ilda Santiago (distribuidora), Carolina Kotscho (roteirista), Moisés Augusto (produtor) e Ricardo Miranda (montador).

Graças a eles o mundo poderá conhecer Cinema, Aspirinas e Urubus e ver que o Brasil também é feito de cinema de verdade. ;)

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Música do momento



Gal e Zeca Baleiro em 1997 no Acústico MTV.

Flor da Pele (Zeca Baleiro)
Ando tão à flor da pele,
Que qualquer beijo de novela me faz chorar,
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar flor na janela me faz morrer,
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final.

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo, noutras suicido.


Vapor Barato (Jards Macalé/ Wally Salomão)

Sim, eu estou tão cansado, mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general cheio de anéis
Eu vou descendo por todas as ruas
Eu vou tomar aquele velho navio
Aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
E não importa
E não importa não!

Oh minha honey
Baby, baby, baby
Honey, Baby

Sim, eu estou cansado mas não pra dizer
Que eu estou indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto, quem sabe
Mas eu preciso
Eu preciso esquecê-la
A minha grande a minha pequena
A minha imensa obsessão
A minha grande obsessão

Oh minha honey
Baby, baby, baby
Honey, Baby

Jean Anouilh bem que disse

O que você consegue de graça custa demais.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Rodamundo

Sinto-me nuvem, frente ao espelho, vagando pelo ar espesso, quebrando os raios solares, lutando contra o vendaval, subindo e caindo, dançando e me dispersando, enquanto toda aquela vida lá embaixo acontece, todas aquelas pessoas enlouquecem, todas aquelas árvores são cortadas, todos aqueles oceanos lindos, tudo aquilo desaparece, e eu aqui, vou e volto, sem nunca chegar.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Festival do Rio 2006

Tá chegando!

Vai rolar do dia 21 de setembro a 5 de outubro, então quem estiver em terras cariocas nessa época, não perca esta chance. ;)

Mais informações prévias ao festival aqui.

Entrevista com Chiquinho Moreira (Mombojó) - por China

Chiquinho Moreira, 23, é tecladista do Mombojó, banda que vem num crescente dentro do cenário musical brasileiro. Nessa entrevista ele conta um pouco dos planos da banda, mostra sua visão sobre a liberação de músicas na internet e diz que detesta polêmicas.

*Esta entrevista foi concebida via msn.

China: Por que você acha que nenhuma banda de Recife estourou depois do Mombojó? O mercado é assim mesmo, cheio de hiatos?

Chiquinho Moreira: Acho que essas coisas tem alguns fatores, muitos dos quais dois são fundamentais: Primeiro, um pouco de sorte, no sentido de tá nos lugares certos e nas horas certas. Segundo, um pouco de talento misturado com uma boa idéia. Se possível, se esforçar pra tentar ser original.

C: Você acha que tá faltando originalidade em Recife?

C.M: As vezes sim, ou quem sabe as vezes tem originalidade até demais. Hehehe...mas acho que Recife ainda é sim um celeiro de criatividade e ainda tem muito pano pra manga aqui.

C: E essa comparação ao Los Hermanos, incomoda?

C.M: Não. Comparações são perfeitamente normais, principalmente quando se está no início de alguma coisa. Eu particularmente gosto do Los Hermanos, mas acho que sou uma minoria dentro do mombojó.

C: Tu acha que as coisas tão acontecendo no tempo certo pra vocês, ou o processo tá adiantado?

C.M: Acho que hoje em dia as coisas acontecem mais rápido pra nossa geração.
A nossa média de idade é de 23 anos. Acho que o povo do Mundo Livre ou do CSNZ quando tinham essa idade, estavam numa situaçãoo bem diferente. Estavam no máximo gravando seus primeiros discos num esquema totalmente novo pra época. A gente já vem no segundo disco, com reconhecimento nacional, e isso se deve ao primeiro passo que foi dado lá no início do movimento mangue.
Quero dizer que hoje em dia se tem muito mais facilidades. Eu acho que esse reconhecimento só tem nos dado mais segurança do que a gente realmente gosta de fazer e no que a gente acredita.

C: Com tanto reconhecimento, como fica o ego? É difícil segurar a parada. Já vi vários casos de gente se fuder por não segurar o ego.

C.M: Foi-se o tempo que artista se dava ao luxo de inflar o ego. Hoje em dia não sobra muito espaço pra esse tipo de coisa. Tem que tá em sintonia com tudo, se não vai ficando pra traz e as portas deixam de se abrir.

C: Tu acredita que Recife pode se tornar um lugar legal pra trabalhar com música?

C.M: Acho que sim. E comparar Recife com 10 anos atrás você já nota uma evolução muito boa, mas, São Paulo tem uns pontos que estão bem a frente tanto de Recife, quanto do resto do país. Até pelo fato de ter mais gente circulando por lá. Lá tem um giro econômico maior, além de ser mais perto de todos os outros lugares do país. é mais fácil sair de São Paulo pra qualquer outro canto. Inclusive pra Recife.

C: Vocês pretendem morar lá?

C.M: Sim, mas não como um castigo. Mas porque existe uma demanda grande de shows lá, e que tem feito a gente se imaginar passando um tempo maior. Muitas vezes a gente tem que negar uns shows bons só porque a gente ta aqui em Recife. Tem muito festival que não tem condições de bancar passagens pra banda toda mais produção, aí a gente tem que se organizar todo pra fazer o maior número de shows de uma vez só, e isso é um pouco difícil às vezes.


C: Quando tu resolveu que seria músico, Chiquinho?

C.M: Sempre tive muito gosto pela música. Cresci num meio familiar que sempre pregou que os estudos eram o caminho, mas lógico, nunca recriminaram qualquer coisa. Mas sempre tive um pouco de receio de viver como músico, financeiramente falando. Entrei na universidade e com o tempo fui vendo como eu não combinava com aquele mundo acadêmico.

C: Seu pai não disse que música era coisa de maconheiro, não?

C.M: Não, apesar de todos saberem que tem um pouco disso. Acho que a nóia dele era eu conseguir me sustentar e ser feliz com isso. Então quando a gente gravou o Nadadenovo e começamos a viajar notei que era daquela forma que eu queria arriscar a ganhar a vida.
Também acho muito difícil que minha fosse melhor se eu tivesse continuado a estudar psicologia na ufpe. A vida de um psicólogo não é nada fácil também. Talvez até mais difícil que a do músico. E talvez tenha sido por isso que meu pai relaxou.

C: O ruim de ser músico é que o cara nunca tá no mesmo lugar, tá sempre viajando.

C.M: Esse pode ser o lado ruim, mas também é um lado muito bom

C: Já se ligasse numa coisa que acontece com o Mombojó? Tem gente que ama e gente que odeia, não tem meio termo. O que tu acha disso?

C.M: Não sei. Acho que as coisas são assim: Tem coisa que é ruim, e tem coisa que é boa. Mas tem coisa que é ruim e você gosta, como também tem coisa que é muito boa, mas você não gosta.

C: Será que a música de vocês é para poucos?

C.M: Bem, se for, lhe garanto que essa não é a nossa intenção. A gente não veio aqui pra escolher publico, muito pelo contrario.

C: E esse lance de liberar tudo na internet, porque tem tanta banda com medo de fazer isso? O engraçado é que vocês provaram que é a melhor coisa para uma banda ainda pouco conhecida.

C.M: Nem sei se é a melhor coisa. Acho muito difícil que o Mombojó fique famoso por ser a banda que vendeu milhões de discos, mas pelo menos não seremos mais uma banda que tentou jogar contra. O mercado ta numa fase muito louca, não se sabe como as gravadoras vão ganhar dinheiro daqui pra frente. Já fui em muito debate sobre isso, e ninguém tem essas respostas ainda. Mas já ficou muito claro que a internet não tem mais volta. Agora é usar isso oficialmente a nosso favor.

C: Tu num acha que o Mombojó iria vender mais discos e fazer mais shows se tivesse seguido independente, assim como o Cordel do fogo encantado? O que mudou na estrutura da banda com a entrada para a Trama?

C.M: Ser independente pode dar tanto trabalho como ser de uma gravadora. Foi-se o tempo das regalias que se tinha quando se entrava pra uma gravadora. A gente tem uma relação quase que de parceria com a Trama. As coisas hoje em dia tem que ser muito mais pé no chão do que antigamente, penso eu. A Trama nos dá uma estrutura que jamais a gente teria se tivesse sozinho. Temos uma acessoria de imprensa bem eficaz, por exemplo. Isso já ajuda um bocado. Ser independente tem suas vantagens, mas a gente optou por conhecer de perto como funciona essa relação com uma gravadora, até pra aprender mesmo. Nós somos todos muito novos e a época de aprender as coisas é agora mesmo.


C: Como tu acha que a Trama vai ganhar dinheiro com vocês, já que o disco novo foi liberado na internet.?

C.M: As gravadoras ainda vendem disco. Não como antigamente, mas vendem. Vendem DVD também e outras coisas. Não sei exatamente o que se passa na cabeça deles, mas eu vejo que a Trama pelo menos, tem uma preocupação com seu futuro, e estão sintonizados aos novos formatos de divulgação de música. O Trama virtual é um bom exemplo disso. Acho que hoje em dia não se vende mais ou menos se a música estiver na internet, mas é aquilo que eu lhe disse: No futuro eu não sei como eles vão ganhar dinheiro, e ninguém sabe. Cada vez mais o cd, digo o material físico, tá perdendo o seu valor.

C: Deu trabalho pra liberar o disco na rede? A gravadora complicou muito?

C.M: De início sim, mas eles mesmos sacaram que seria muito louco ser contra isso. Principalmente com relação ao Mombojó.

C: E por que você acha que a Nação Zumbi não faz o mesmo? Já que eles são artistas da Trama também?

C.M: Eu pergunto o mesmo pra eles.
Não sei se é o caso da Nação Zumbi, mas eu sei de gente que é totalmente contra esse lance da musica livre, da cultura livre, da generosidade intelectual. Tem gente que acredita na magia da música que está ali no momento e tal, e que não deve ser mexida...enfim, não é o nosso caso. E como diria o filósofo chinês: Ema, ema, ema...cada um com seus problemas.

C: Me diz 3 bandas daqui que tu detesta...

C.M: Nirvana.

C.M: Daqui. Nirvana não vale. Mas por falar em Nirvana...é engraçado vocês não gostarem das bandas que são como um marco na música. Por que isso?

C.M: Vocês não. Não sei do resto, mas eu não gosto.
Não é tudo, mas tem umas coisas que todo mundo curtiu, mas que eu passei batido, tipo Nirvana, Ramones, Pink Floid. Acho que era porque meu irmão mais velho não gostava.

C: Me diz três bandas daqui que tu acha muito ruim.

C.M: Tem que ser de Recife é?

C: Tem.

C.M: Pera aê. Detestar tem que pensar. Não gostar é uma coisa, mas detestar é maior.

C: Exatamente

C.M: Tô pensando...

(10 Minutos depois)

C.M: Prefiro não citar nenhuma. Na verdade, essas coisas só fazem gerar merda.
Polêmica de cú é rola. Gosto de publicar nada falando mal dos outros, não.
Deixa quieto!


Site do Mombojó aqui. Mombojó no orkut aqui. Chiquinho Moreira no orkut aqui.

Baixe todas as músicas do Mombojó gratuitamente aqui!


Fonte: Comunidade Que conversa é essa?! do China em 13.9.2006.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Outro show

Elza Soares é surpreendente, absoluta, fantástica, divertida, com uma voz presenteada por Deus (ou qualquer coisa que crie o todo) que ecoa longe e faz bem aos ouvidos e principalmente aos pés. ;)

Fui no show do Chico

E só o que tenho a dizer no momento é:

APLAUSOS!!! :D


Depois do próximo eu destrincho o veredito final.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Confissão

Eu não tenho amor-próprio.

Camafeu

Foi assim com uma certeza inebriante e tal delicadeza, que dele meu caminho se fez, e o que era simples e deveras ilusão acabou-se por fim num majestoso toque de ternura e uma flechada na contramão.

Nelson Rodrigues

A ficção, para ser purificadora, precisa ser atroz. O personagem é vil para que não o sejamos.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Feito água

A gota rolou pelo telhado, percorreu a clarabóia, chegou no catavento, voou pelo gramado, caiu bem no olho da menina tentando ver qual era o número do ônibus passante. Perdeu a hora, chegou atrasada na entrevista, afobada, derramou café em sua roupa clara, caiu na gargalhada, nervosa. Foi pra casa frustrada, perdeu o dinheiro e o livro favorito no caminho, a chuva resolveu chover e ela caiu em prantos, gota a gota no mar de possibilidades.

Coexistência

Eu sou a hipocrisia, linda e perversa, cheia de poções a envenenar meu próprio ventre enquanto a mão sadia enxuga as lágrimas de pedra que um dia te serviram de abrigo.

Eu sou a falsidade que impera sem rumo ou condição, seguindo à tua frente sem medo do perdão e do amor que um dia eu nunca senti.

Eu sou o que me leva e o que ficou e tudo que não mais será, a partir do momento que passei pela porta e te vi encostado na parede como Cristo.

Tu tinhas uma adaga no coração e era o espelho de mim mesma.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Universo

Se tu não me queres, não tem querer, que eu fico só com meu mal-me-quer, no meu canto de mulher, com um algo assim e um quase nada que são tudo.

Se tu não me queres, meu bem querer, quero estar onde eu quiser, quando a hora bate e o fio se ilumina e tudo isso é praticamente nada.

Se tu não me queres, sei quem quer, e não me importa que mil raios partam, porque o querer vai muito além do bem e do mal e só pára por aqui quando a gente quer.

Se tu não me queres, olho nos teus olhos profundos de querer bem quando dizes mal, sofro até não querer mais saber de tudo, de nada, do que quero, para aceitar o destino que quiser aparecer na minha frente quando eu menos esperar e você menos me buscar.

Se tu não me queres, que seja assim na alegria e na tristeza, antes que a morte nos separe por besteiras que um dia tu não quiseste ouvir, eu não quis dizer, nós deixamos de sentir o silêncio que queria crescer entre o mundo e tudo mais.

Se tu não me queres, eu não te quero, não há o que querer quando não se tem nada.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Mais uma dose

Eu só queria um shot. Um shot de barbitúrico com o mais doce veneno. Uma virada cowboy. Só pra lhe mostrar que eu posso. E vou rir até morrer.

domingo, 27 de agosto de 2006

Célebre Keith Richards

Nunca tive problemas com as drogas, só com a polícia.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Curta!

Se liga que sexta-feira começa FINALMENTE(!) o 17o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo.

O tema deste ano é Conceito e Forma, dando destaque para a reflexão sobre o 'fazer' cinematográfico.

As exibições acontecem de sexta (25.9.06) até o outro sábado (2.9.06) nos seguintes locais: Centro Cultural São Paulo, Cinesesc, Cinusp, Espaço Unibanco, Faap, MIS, Cinemateca e Unibanco Arteplex.

Confira toda a programação aqui e divirta-se, como eu certamente irei! ;)

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Jack Benny

Juro, esse comediante é impagável! Olha os insights:

Uma trupe de escoteiros consiste em 12 criancinhas vestidas como idiotas seguindo um grande idiota vestido como criancinha.


Me dê tacos de golfe, ar puro e uma linda parceira, e pode ficar com com os tacos e o ar puro.


Não mereço este prêmio, mas tenho artrite e não mereço isso também.


Minha esposa Mary e eu estamos casados há 47 anos e nenhuma vez tivemos uma discussão séria o suficiente para considerarmos o divórcio; assassinato sim, mas divórcio nunca.

domingo, 20 de agosto de 2006

Glauber Rocha nas palavras de Martin Scorsese

O cineasta Martin Scorsese, 64, nunca escondeu sua paixão pela arte de Glauber Rocha. Os dois estiveram juntos três vezes em Nova York, Los Angeles e, por último, no Festival de Veneza em 1980.

A admiração era recíproca, como mostra uma das fotos tiradas pela artista Paula Gaitán em Portugal, onde Glauber posa para sua companheira em frente ao cartaz de 'Raging Bull' ('Touro Indomável').


Martin Scorsese segura cartaz de "Deus e o Diabo na Terra do Sol"
Martin Scorsese segura cartaz de "Deus e o Diabo na Terra do Sol"
Em 1991, Scorsese deu provas de seu apreço, ao adquirir os direitos para a recuperação e produção de cópias especiais em 35 mm da trilogia 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', 'Terra em Transe' e 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro' que passou a integrar sua cinemateca particular.

A preocupação com o estado de conservação de clássicos da história do cinema levou Scorsese a criar nesse período a 'The Film Foundation', entidade que preside atualmente e é responsável pela restauração de cerca de 500 filmes, de autores como Elia Kazan, Alfred Hitchcock, Jonas Mekas, Frank Capra e Robert Wise.

Quando foi convidado em 1996 para editar o número 500 do 'Cahiers du Cinema' ele voltou a homenagear o amigo, dedicando-lhe um ensaio onde relaciona John Cassavetes, Ida Lupino e Glauber Rocha como as três personalidades fundamentais em sua formação cinematográfica.

No momento em que se completam 25 anos da morte de Glauber, Martin evoca novamente a memória de Rocha, em entrevista para o documentário 'Milagres' (co-dirigido por Paloma Rocha) que integrará o DVD duplo de 'Antonio das Mortes', título internacional de 'O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro'.


Glauber posa diante do pôster de "Touro Indomável"
Glauber posa diante do pôster de "Touro Indomável"
Assumido como filme predileto do repertório glauberiano e que o mestre ítalo-americano costuma mostrar aos seus atores, o 'Dragão' vem sendo restaurado no Laboratório Prestech em Londres com o patrocínio da Petrobras. Os três primeiros filmes da Coleção, 'Terra em Transe', 'A Idade da Terra' e 'Barravento' são feitos, por sua vez,com tecnologia nacional pelos Estúdios Mega, em São Paulo.

Enquanto aguardava o seu montador para concluir a mixagem de 'The Departed', seu novo longa-metragem, o autor de 'Taxi Driver' nos recebeu em sua sala de projeção privada em Manhattan, abrindo a agenda para reavivar sua memória em torno do 'Cinema Novo' e da figura de Glauber.

Destacou o uso narrativo da música na obra do artista baiano e criticou a 'corrosão' de uma geração de jovens talentos em Hollywood.

Com a participação da cineasta brasileira Tania Cypriano, que trabalhou em 'Lady by the Sea', seu inédito documentário sobre a Estátua da Liberdade, Martin Scorsese concedeu-nos quarenta minutos de prosa animada.

A seguir, leia a íntegra da entrevista de Scorsese

Mitologia Primitiva

Eu vi os filmes do Cinema Novo, no Museu de Arte Moderna, em 1969 ou 1970. Assisti à 'Terra em Transe' e 'Os Fuzis' na versão original, sem legendas. Foi uma experiência muito, muito forte. Eu nunca tinha visto aquela combinação de estilos e, honestamente, a humanidade, a paixão tão poderosas nos dois filmes. Então, quando 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro' estreou no Cinema da rua Oblique, e eu li o nome Rocha, fui imediatamente ver aquilo. Você tem que entender, era um tempo bem diferente. Todo dia, sem exageros (risos), uma nova obra-prima vinha da Itália, da França, do Japão, de todo lugar. Elas surgiam de toda parte.

E, de repente, 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro' chega nos cinemas e varre todos dali. Eu só posso dizer isso a partir de um ponto de vista emocional, porque eu não tinha o embasamento intelectual, o entendimento da natureza política, do que estava acontecendo no Brasil.

Eu vim de uma classe proletária de sicilianos, do lado mais simples de Nova York, o que eqüivale a viver num vilarejo, até que eu fui para a Universidade de Nova York. A partir daí, tive que começar a me abrir um pouco para o extraordinário fluxo de filmes que estávamos criando. Não eram apenas bons filmes, nós estávamos criando uma linguagem cinematográfica e tudo foi acontecendo em dois ou três dias em diferentes partes do país, sem mencionar autores como Andy Warhol ou John Cassavetes, por exemplo, que, com 'Shadows', em 1959, foi fundamental para deflagrar o movimento.

Foi um período em que nós todos esperávamos que alguma coisa acontecesse com o cinema e que o cinema pudesse nos salvar do mundo. E o mundo estava numa condição terrível, não tão ruim como está agora, mas era um tempo em que as condições políticas eram muito ruins, em todos os sentidos.

Aí, quando eu vi o 'Dragão', o filme parecia sobrepujar a política, fez a política parecer irrelevante de alguma forma, porque lidava com a verdade e a paixão. O filme tratava daqueles que tinham e dos que não tinham. E aqueles que não tinham seriam ouvidos e eventualmente viriam da Terra. É quase como se fosse alguma coisa vinda dos tempos primitivos do Mal, quando as pessoas no filme pareciam que podiam possuir a Terra, como uma mitologia primitiva que foi criada ali na tela.

Era interessante o suficiente, não somente pela tradição e cultura do Brasil --que era um tanto ou quanto maligna para mim-- mas também pelas diferentes abordagens e estilos de filmar originários da Itália, da América, do faroeste americano. Você sabe que, como difundido pelo faroeste italiano, não imaginávamos que esse modelo morreria tão cedo.

Os entusiastas do faroeste americano tinham crescido admirando John Ford, Howard Hawks, Bud Boetticher etc. E, é claro, Sam Peckinpah, o ápice do faroeste americano. Nós éramos muito rígidos com o faroeste americano. Nosso grupo reagiu também contra os filmes de Sergio Leone.

Nós amávamos Antonioni, Fellini, De Sicca e, é claro, Bellochio e Pasolini. Mas acreditávamos que o faroeste era essencialmente americano. Nesse meio tempo, eu vi 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro', mas não tive essa sensação sobre ele, o filme despertava em nós algo diferente. Ele tinha elementos do faroeste, do modo como Leone fazia faroeste. Levei quatro ou cinco anos para realmente começar a gostar, além desse aspecto, dos filmes de Leone.

'Era uma Vez no Oeste' se tornou um de meus filmes favoritos e eu tive que aprender a apreciá-lo. Aquilo não era um faroeste, não era filme italiano, era quase uma ópera tradicional.

Encontro Marcado

Mas, voltando ao 'Dragão da Maldade', penso que ele contém não só elementos do faroeste americano, mas também uma visão italiana do faroeste americano. Naquele momento, eu não podia responder analiticamente ao filme, porque eu estava arrebatado pela sua veracidade estética e política. A política estava lá, isso é óbvio, mas eu nunca tinha visto isso elaborado com tanta honestidade e de forma tão intrigante. Não tinha visto nada igual desde os primeiros filmes neo-realistas de De Sicca e Rossellini.

Embora tenham estilos diferentes, filmes como 'Paisà' e 'Ladrões de Bicicleta' alcançavam a verdade da mesma forma que o 'Dragão'. Tive uma sensação parecida quando vi o primeiro filme de Pasolini, 'Accattone'. O filme de Glauber, porém, atinge um outro nível. Não estava familiarizado com alguns rituais retratados no filme que criam uma atmosfera onde qualquer coisa é possível e você pode seguir a história e compreendê-la.

Mais do que a natureza da história, você entende e com partilha o sentimento dos despossuídos que são enfim escutados.

Você percebe isso particularmente em 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro', isto é, no idioma original. Fiquei obcecado com o filme e levei meu amigo Jay Cox, da revista 'Time', para ver. Ele, à principio, não gostou. Mas anos depois sim. Era uma espécie de crítico, como todo crítico de jornal que tem de ver em média quatro ou cinco filmes por dia. E, de repente, essa coisa surge na tela e ele achou aquilo muito excessivo.

Logo depois, eu o convenci a conhecer o Glauber quando ele veio a Nova York e nos encontramos num restaurante da cidade, apenas para um café. O repórter fez uma entrevista com ele, e esta foi a primeira vez que nos vimos pessoalmente. Mais tarde nos reencontramos e ele continuava o mesmo.

Música Narrativa

O 'Dragão da Maldade' tem elementos de western, obviamente no que diz respeito ao personagem do cangaceiro, o típico bandido brasileiro, que pode ser comparado ao bandido americano. Mas o que me chama atenção é a força narrativa da música, que conta a história. Fiquei tão obcecado com a música, que consegui cópias da trilha e colocava em meu toca-fitas quando vivi em Los Angeles --de 1972 a 1983. Tocava aquela fita no meu carro o tempo todo.

Foi então que comecei a mostrar pedaços do filme para músicos, compositores e atores para que eles pudessem conhecer a qualidade da trilha. Agora, como eu não sou uma autoridade no assunto, não posso saber exatamente todos os significados dos diversos tipos de música que são usados no filme.

Creio que tem a ver com a balada, que no filme aparece no momento em que o velho homem cego é carregado numa maca, e a câmera apenas o acompanha, na preparação da batalha final.

A câmera filma e a balada extraordinária continua sendo cantada, com uma bela letra sobre Lampião, sugerindo sua descida ao inferno ao encontro de todos os demônios. Glauber utilizou a música da mesma forma que Bob Dylan compunha suas canções como 'Masters of War' e especialmente aquela balada-tema do personagem 'Antonio das Mortes', que é 'like a rolling stone!'

Se você ouvi-la como um americano, vai notar que ela ainda tem poder. Com o passar dos anos, comecei a perceber isso automaticamente. Devo dizer que o filme responde à verdade das ruas, à verdade da terra. Em outras palavras, aqueles que não têm nada terão voz, e eu acredito que isso é algo que será contabilizado. E, é exatamente isso que o cinema novo estava expressando naquela época. O mundo todo caminhava naquela direção. E eu acho que vai retomar esse caminho agora novamente.

'O Dragão da Maldade' deixou isso mais claro. Existem os que têm e os que não têm. Você poderia dar ou você poderia tomar, ou você poderia partilhar(risos) e aqueles que não o fizerem, outros surgirão da terra, de onde estiverem, do Cerrado (assim que é chamado no Brasil?). A ária da mulher com a faca é extraordinária, com aqueles rituais. Uma coisa marcante do filme é o modo como os personagens se envolvem intensamente com a música, como um cântico religioso ou de encantamento.

Existe um instante onde uma anciã começa a cantar e eu acho que é quando Antônio das Mortes começa a lutar pela primeira vez com outro cangaceiro, com um lenço entre eles. Um deles morde uma ponta do lenço e o outro morde a outra ponta, é tudo se passa num plano-seqüência. Aliás, eu o projetei o recentemente, umas duas vezes: uma para o elenco de 'Gangues de Nova York' e outra para o filme de gângsters que estou finalizando agora, chamado 'The Departed'.

Se você assistir àquela tomada, perceberá como todos os elementos se completam. Eu acredito que seja uma tomada de 10 minutos. Há um movimento dos dois personagens e, de repente, parece que começou a chover ou algo do gênero.

Você começa então a ouvir uma mulher cantando e eles começam a lutar. Tudo é muito real, e quando um dos personagens é atingido pela faca, e a tensão aumenta entre os dois homens esticando o lenço, a câmera se move, criando uma atmosfera comovente.

Declínio Americano

É o tipo da coisa, tudo vai conspirando a favor do realizador e todos os elementos se integrando, como se Glauber tivesse planejado cada cena. Tenho certeza que ele planejou e que aquele grupo de pessoas estava ali engajado para fazer algo especial. Este é um dos pontos altos do meu novo filme, 'The Depart'. Estou fazendo-o fluir, estou experimentando, me deixando iluminar por este filme de Glauber (o 'Dragão'), que continua uma referência para mim.

Glauber lidou com as mesmas questões vindas da sociedade européia do pós-guerra, de uma forma direta, recorrendo a componentes da paródia. Um homem de estilo extraordinário, cujos filmes afetaram sensivelmente outros filmes, politicamente. Ele é eterno. É uma das razões pelas quais é necessária a restauração de sua obra, para permitir que as novas gerações conheçam esse filme, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. O 'Dragão' continua novo, com todo o frescor. Ele não leva a grandes bilheterias, mas te dá um soco na cara, você vê e se ergue, abre seus olhos e é disso que precisamos hoje em dia, mais do que nunca.

Entre os motivos que me levaram a mostrar o 'Dragão' aos atores e diretores de fotografia ao longo dos anos está o de se libertar de um tipo de prisão imposto pelo 'star system'.

Você tem hoje vários jovens atores maravilhosos, que infelizmente são destruídos pelo sistema. Eles surgem de filmes independentes onde tiveram performances maravilhosas e aí são colocados em um grande filme de Hollywood sobre um personagem de quadrinhos. O filme não vai tão bem, o ator não atua novamente, às vezes por três anos ou até três filmes, o que representa um ano e meio praticamente sem trabalho.

Eu penso que isso se transforma numa espécie de monstro que vai corroendo, corroendo a indústria. Ao final, o ator acaba aceitando esse estado de coisas. Não falo só de Hollywood, que financia alguns de meus filmes, mas também da produção em Nova York. Uma situação que resulta no desperdício de toda uma juventude muito talentosa, uma geração de atores promissores como foi a de Marlon Brando, James Dean ou Montgomery Cliff.

Hoje as pessoas já não acreditam em si mesmas porque se lançaram no sistema e todo dia têm que prestar atenção na publicidade, em que festa eles vão, para quais estréias eles foram convidados...

Você pode ser convidado para a estréia classe A, você pode estar na lista da estréia classe B ou você descobre mais tarde que você pode estar na lista da estréia classe C, o que significa que você perdeu posição na cidade. Isso se dá cotidianamente na indústria em Hollywood e na própria sociedade, por causado materialismo e do consumismo enlouquecidos.

Um cinema como o do Glauber precisa ser mostrado aos atores, que têm em seu âmago o desejo de fazer algo mais do que se tornar parte do sistema. É uma forma de forçá-los a desenvolver sua intuição e superar aqueles problemas.

Grandes atores que começaram na década de 60 e ainda estão ativos se perdem em dois ou três dias e somem. Eu vejo filmes como os de Glauber e percebo que isso também é cinema, isso também pode acontecer. Porque esse tipo de cinema às vezes transmitia uma impressão ruim, ligada à contracultura. Nossas inquietações naquela época, no final da década de 60, eram convergentes.

Eu tinha feito filmes quando o encontrei pela primeira vez, quando vi 'Dragão' pela primeira vez. E o nosso sonho aconteceu quando todo o grupo foi para a Califórnia fazer novos filmes. Você quer que eu diga a verdade? (risos) Nós pensávamos que iríamos fazer uma nova espécie de cinema, e isso não era apenas em função do declínio do cinema americano.

Glauber Rocha e muitas pessoas na época falavam sobre esse declínio. É verdade, mas eu acho que nos tornamos um novo grupo que foi e arriscou --até 1980, 1981, pelo menos, quando esse declínio terminou. Não quer dizer que esse cinema não possa ainda funcionar. Eu acho que pode funcionar e que isso está acontecendo com o cinema americano desde o final da década de 80, passando pela década de 90, com o cinema independente até certo ponto.

Reinvenção do cine

Isso também pode cair num tipo de armadilha como quando você mostra filmes para pessoas que já concordam com você, você entende o que eu quero dizer?

Você introduz um problema social e você mostra um filme muito sentimental sobre algum tipo de problema social, quem vai questionar você?

E eles dizem que é bem feito, que o ator está bem, mas você deveria ir mais fundo em termos de linguagem. Agora, quando esses filmes foram lançados, se falava sobre um filme de 16mm que John Cassavetes estava rodando, 'Faces', exibido em grandes salas nos EUA e em todo o mundo, em filmes dos irmãos Maysles, de Pennebaker.

Enfim, todos esses filmes eram exibidos nas noites de sábado logo ali no outro quarteirão, nos principais cinemas, como se fossem lançamentos habituais de Hollywood, mas com uma nova abordagem para o cinema.

Isso acontecia simultaneamente na Europa e no Japão. Parece que eles prometiam uma nova linguagem de cinema, e de algum modo as pessoas a redefiniriam.

Agora estamos enfrentando tudo novamente. O que tem a ver com o vídeo digital, com a possibilidade de qualquer um pegar uma câmera e contar uma história com ela. Você tem que olhar através do visor e, quando enquadrar, pode deixar qualquer pessoa que vai ver o seu filme assistir também e logo entender o que você vai contar a ela. O que significa que todos podem ser diretores de cinema. Agora, se você tem alguma coisa a dizer, este é um meio muito poderoso.

Atualmente, existem inúmeros modos de narrar. Eu acredito que esteja acontecendo novamente uma revolução, mas eu não tenho certeza se isso ainda pode ser considerado cinema, embora grandes filmes de Hollywood, europeus, asiáticos ou sul-americanos estão sendo exibidos em iPods.

Eu não sei se o filme foi feito para ser visto naquele tamanho de tela. É tão pequena que aquilo se transforma em outra coisa, que está sendo redefinida e reinventada enquanto conversamos. É um meio muito poderoso, e ninguém, quando os filmes foram feitos, pensou sobre isso.

Então, o caminho está aberto novamente. Acho que o que está para acontecer é que nós temos que nos manter chocados e de alguma forma alertando os jovens talentos e dizendo: não se deixem levar por isso. Não somente pelo 'cinemão' mas também pelo filme sentimental independente. Nada contra, eles são bons, mas ainda dá para ir mais fundo, não há como prever. Temos que esperar.

É por isso que existem filmes desse tipo, 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro', 'Terra em Transe' e outros filmes do cinema novo. Por isso é que eu fiz um filme sobre o neo-realismo italiano.

Neo-realismo

Quando tinha cinco anos, vi filmes neo-realistas que ficaram comigo por anos e eu acho que é bom devolver isso aos jovens. Eu adoraria ver os jovens espectadores assistindo a esses filmes em DVD. É melhor do que nada, porque durante muitos anos você não conseguia ver nem nos cinemas.

Essa é uma das razões pelas quais eu produzi cópias desses filmes do Glauber para mostrá-los em festivais como o New York Film Festival, que exibiu 'Terra em Transe' e 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro'. Minhas cópias foram exibidas em uma série de lugares, e vê-las na tela grande --devo dizer, eles são poderosos na tela na grande-- ou mesmo na televisão ou até em DVD, vale muitíssimo a pena.

A energia dos filmes e sua beleza descompromissada devem sobreviver a esses novos meios. Muito da história do cinema que eu aprendi foi através da televisão, daquela televisão em preto e branco com intervalos comerciais, assistindo a filmes hollywoodianos, mas também a filmes britânicos e a filmes italianos. Inclusive Mizoguchi, de 'Contos da Lua Vaga', que eu vi na televisão americana, em 1956, com comerciais e dublado em inglês. Não era a forma como deveria assisti-lo, mas isso não importava.

Eu tinha catorze anos e eu estava olhando para aquela coisa maravilhado. Eu vi filmes fantásticos daquela forma e muitos eu vi no cinema também. É sempre melhor vê-los no cinema, na sala escura, com a tela sendo o centro da sua atenção. Mas não devemos subestimar o poder da imagem em um lar, da imagem que vai direto em sua aparelhagem, então o DVD nesse sentido se tornou divino.

Violência e Estética

Bem, a violência em 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro' é estilizada e ela me lembra uma violência ritualística, rituais que são encenados onde as pessoas não se machucam, e o ator está fora, num certo distanciamento. Agora que eu li mais sobre Glauber Rocha ao longo dos anos, sei mais sobre o sentido de seus filmes. Eu precisei de anos para chegar onde outras pessoas estavam quando esses filmes foram feitos.

Eu nunca fui um intelectual e ainda não sou, mas o caso é que esse distanciamento não influenciava, pois eu sentia o poder do filme. Eu sabia o que aquelas imagens e aquela violência significavam, mesmo sabendo que a violência não era mostrada de forma realista. Eu não digo que isso seja bom ou ruim, estou apenas dizendo que isso não me importava. Já em 'Bonnie & Clyde Uma Rajada de Balas', 'Era uma Vez na América' ou 'Meu Ódio será a tua Herança' de Sam Peckinpah, a estética era algo diretamente ligado à violência que era também expressada, de certa maneira, nos filmes de (Sérgio) Leone, e ainda em outros filmes italianos e de países europeus, além de certos filmes japoneses.

Eu também senti uma associação muito forte com o cinema japonês quando eu vi os filmes de (Glauber) Rocha, como se fosse uma mistura de cinema japonês e italiano. E eu ficava me debatendo para definir o que era aquilo, tentando descobrir de onde todos aqueles estilos vinham. Mas hoje eu percebo, revendo 'Terra em Transe', algo de Orson Welles, de Eisenstein. É evidente que toda vez que eu faço um filme, a primeira coisa que faço ao iniciar o processo é me cercar de filmes russos da década de vinte, de Eisenstein, Dovtchenko, Vertov e algo de Pudovkin e de Kulechov.

Atualmente, estou revendo Dovtchenko. Para refrescar a memória, sempre revejo 'Dragão da Maldade' ou 'Terra em Transe', que são como um empurrão para mim. Mas na medida em que revejo 'Terra em Transe', é inevitável evocar o cinema de Welles. Estes filmes me ajudam a reavivar a memória, me estimulam e me inspiram, eu procuro me cercar de grandes clássicos, e gosto devê-los, de me tornar parte deles, e estar na sala de projeção pelo puro prazer de contemplá-los.

Eu acho que meu olho foi fisgado particularmente por 'Terra em Transe'. Ele se voltou diretamente ao filme porque estava procurando Welles no cinema. Gosto muito dos filmes de Welles, do jeito que ele filma. E até hoje, quando sintonizo um canal dedicado aos filmes clássicos, fico até duas horas da manhã assistindo, pelo menos vinte minutos de filmes como 'A Marca da Maldade', às vezes sem som quando estou trabalhando. Isso mantém a minha memória afiada.

Nós somos bombardeados por tantas imagens ruins que temos que apelar sempre aos mestres, mesmo quando não podemos mais fazer isto. Nós já fizemos isso anteriormente. Como realizadores, temos de continuar em frente, na presença dos mestres, para nos inspirarmos permanentemente.

O cinema está se redefinindo novamente com Lars von Trier e seu grupo na Dinamarca. A luz no vídeo digital é diferente e cria uma nova estética. Eu não posso definir isso muito bem, é uma sensação emocional e psicologicamente diferente, mas ainda se trata de uma imagem visual. Você ainda está contando histórias com imagens e pessoas e o interessante é que ainda há sempre temas a serem explorados.

Poesia e política

Eu sou uma pessoa que veio de um tipo de classe operária apolítica. Meu pai era um funcionário da Secretaria de Jardins de Nova York por volta dos anos 30 e 40. Mas ficou muito mais conservador em fins dos anos 50. Assim, eu vim de um cenário muito conservador. Foi no início dos anos 60 que eu comecei a tomar consciência das diferentes formas de pensar, do pensamento político e esse tipo de coisa. Eu tinha provavelmente 16 ou 18 anos quando isso despertou. De certa forma, eu sempre respondi à poesia e creio que, sobretudo, a partir dos filmes de (Glauber) Rocha. Eu mergulhei em direção à poesia de 'Terra em Transe' e a política estava lá. Esta é a razão pela qual eu disse que isso está além da política, entende? A poesia do filme é tão forte que é eterna.

É sobre o ser, sobre a humanidade, não apenas sobre um sistema político, ou contra um sistema político. Vai além disto e portanto sempre será algo novo. Acho que política e poesia não podem coexistir, a poesia tem a política. Não importa o que você faça, isso é político. Penso que os jovens de hoje poderiam se beneficiar ao verem esses filmes. É óbvio no caso de 'Terra em Transe', porque o filme é sobre política. Mas é o contrário de 'All the Kings Men' ('A Grande Ilusão'), que é sobre os políticos.

O livro de Robert Penn Warren, que inspirou o filme --tem inclusive uma nova versão saindo-- é uma coisa bem distinta. Na ocasião que assisti 'Terra em Transe' no MoMA, eu nunca tinha visto uma reação a um filme como aquela. Havia aquele último plano do homem disparando a arma, em tela ampla (1:85), em que a cena ocupa o canto do quadro. Depois que a sessão terminou, algumas pessoas permaneceram aplaudindo, aplaudindo e aplaudindo por uns vinte minutos.

Foi comovente e aterrador! Aquela imagem é por demais eloqüente de um cinema que sempre expressará um sentido de resistência, de uma forma ou de outra. Isto ocorre porque o personagem permanece na tela e você ouve aqueles tiros. É uma imagem incendiária. Eu presenciei a reação do público, é uma cena poderosa. É poesia, mas podemos dizer também que é política (risos). Mas a poesia vem primeiro e então talvez Glauber esteja certo ao afirmar que 'a poesia e a política são demais para um só homem'.

Eu conheci Glauber quando comecei a fazer meus primeiros filmes. Não há dúvida que O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro teve grande impacto sobre Caminhos Perigosos (1973) e especialmente em Touro Indomável (1980), em que colocamos algumas músicas brasileiras em homenagem a ele. A última vez que o vi foi em Veneza, em 1980. Antes disso, tínhamos nos encontrado em minha outra casa em Los Angeles, e jantamos juntos.

Estávamos eu, o produtor Tom Luddy e Glauber quando mostrei a ele a praia que havia feito nos fundos de casa. À noite, vimos 'The Horse Soldiers', de John Ford, que não é um de seus melhores filmes. Ele gostava muito do Ford, gostava de faroeste. Disse-me que eu valorizava o cinema de um ponto de vista mais emocional do que o político. Eu não queria ficar restrito à preocupação com a política, ou algo do gênero.

Apenas me interessavam as imagens e o que elas diziam. Nosso último encontro foi em Veneza, quando ele apresentou o seu último filme, 'A Idade da Terra', que eu não acabei não vendo.

Filme predileto

Meu filme predileto do Glauber é 'O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro'. Eu vou e volto nessa versão em português que tenho e aprecio muito. É o filme que eu vivo revendo e continuo mostrando às pessoas, se eu acho que elas merecem (risos). Às vezes, elas não merecem, pois certas pessoas são como zumbis, não têm sentimentos ou coisa parecida.

Eu não sei, acho que é bom mostrá-lo para as pessoas que possam ser ajudadas no seu trabalho. Mesmo até se elas rejeitarem o filme, pois já é algum tipo de reação. Melhor do que vem sendo apresentado ultimamente. Eu fico indo e voltando com 'O Dragão' e a música não sai da minha cabeça e além do mais, eu o conheço de ponta a ponta.


:: por Joel Pizzini - Especial para a Folha de São Paulo
Ele é cineasta, autor de "Dormente", "500 Almas" e co-diretor de projeto de restau­ração da obra de Glauber Rocha.

Groucho Marx

Acho a televisão muito educativa. Toda vez que alguém liga o aparelho, vou para outro quarto e leio um livro.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Percy Bisshe Shelley

Shelley é meu poeta do momento. Ele sabe resumir sentimentos que antes sequer existiam palavras para eles. E tendo a morte como tema recorrente, nos dias de guerra em quem vivemos, nada se encaixa melhor que ele. ;)

A man, to be greatly good, must imagine intensely and comprehensively; he must put himself in the place of another and of many others; the pains and pleasures of his species must become his own.

All love is sweet, Given or returned. Common as light is love, And its familiar voice wearies not ever. They who inspire is most are fortunate, As I am now: but those who feel it most Are happier still.

All of us, who are worth anything, spend our manhood in unlearning the follies, or expiating the mistakes of our youth.

Change is certain. Peace is followed by disturbances; departure of evil men by their return. Such recurrences should not constitute occasions for sadness but realities for awareness, so that one may be happy in the interim.

Cold hopes swarm like worms within our living clay.

Concerning God, freewill and destiny: Of all that earth has been or yet may be, all that vain men imagine or believe, or hope can paint or suffering may achieve, we descanted.

Death is the veil which those who live call life; They sleep, and it is lifted.

Familiar acts are beautiful through love.

Government is an evil; it is only the thoughtlessness and vices of men that make it a necessary evil. When all men are good and wise, government will of itself decay.

He has outsoared the shadow of our night; envy and calumny and hate and pain, and that unrest which men miscall delight, can touch him not and torture not again; from the contagion of the world's slow stain, he is secure.

History is a cyclic poem written by time upon the memories of man.

In a drama of the highest order there is little food for censure or hatred; it teaches rather self-knowledge and self-respect.

Is it not odd that the only generous person I ever knew, who had money to be generous with, should be a stockbroker.

Life, like a dome of many-coloured glass, satins the white radiance of Eternity, until Death tramples it to fragments.

Man has no right to kill his brother. It is no excuse that he does so in uniform: he only adds the infamy of servitude to the crime of murder.

Man's yesterday may never be like his morrow; Nought may endure but Mutability.

Nothing wilts faster than laurels that have been rested upon.

Our sweetest songs are those that tell of saddest thought.

Peace, peace! he is not dead, he doth not sleep - he hath awakened from the dream of life - 'Tis we, who lost in stormy visions, keep with phantoms an unprofitable strife.

Poetry is a mirror which makes beautiful that which is distorted.

Poetry lifts the veil from the hidden beauty of the world, and makes familiar objects be as if they were not familiar.

Poets are the unacknowledged legislators of the world.

Revenge is the naked idol of the worship of a semi-barbarous age.

Reviewers, with some rare exceptions, are a most stupid and malignant race. As a bankrupt thief turns thief-taker in despair, so an unsuccessful author turns critic.

Soul meets soul on lovers' lips.

The great instrument of moral good is the imagination.

The man of virtuous soul commands not, nor obeys.

The more we study the more we discover our ignorance.

The pleasure that is in sorrow is sweeter than the pleasure of pleasure itself.

The soul's joy lies in doing.

There is a harmony in autumn, and a luster in its sky, which through the summer is not heard or seen, as if it could not be, as if it had not been!

There is no real wealth but the labor of man.

To be omnipotent but friendless is to reign.

War is the statesman's game, the priest's delight, the lawyer's jest, the hired assassin's trade.

When a thing is said to be not worth refuting you may be sure that either it is flagrantly stupid - in which case all comment is superfluous - or it is something formidable, the very crux of the problem.

Bill Waterson

There is not enough time to do all the nothing we want to do.

Bob Marley

Don't gain the world and lose your soul, wisdom is better than silver or gold.

Meu amigo Fred

I've had recurring nightmares that I was loved for who I am.

Trechos que encantam

Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...


:: O Pequeno Príncipe
Autor: Antoine de Saint-Éxupery
Editora Agir

Samuel Goldwyn

I had a monumental idea this morning, but I didn't like it.

Pro Beleléu

Detesto São Paulo.

Antes eu gostava quando eu era do Rio e eu vinha pra São Paulo ver show da Vanguarda Paulista e eu saía de noite e eu era muito jovem e eu estava aprendendo a tocar contrabaixo e eu era mineiro e eu tenho uns tios que são mineiros e moram em São Paulo há muito tempo e eles são músicos e eu queria ser músico que nem eles, os meus tios, e eu saía de noite com o meu tio que tinha uns amigos que eram da Vanguarda Paulista e tinha o Gigante que era amigo do meu tio e tocava com o Itamar Assumpção e eu fui no ensaio do Itamar Assumpção com o meu tio no dia que a Elis Regina morreu e de noite fazia um frio que eu achava gostoso e eu botava uns casacos que eram muito bonitos e elegantes que só dava pra eu usar quando eu vinha pra São Paulo e eu achava que São Paulo era igual Nova York e eu ia em vários bares e eu ia no Teatro Municipal ver o Macunaíma do Antunes Filho e eu ia no camarim do teatro porque o Antunes era amigo do meu pai e era de São Paulo e a mulher do meu tio era atriz do Macunaíma e eu ficava vendo as atrizes paulistas do Antunes que ficavam peladas andando pelo camarim achando normal ficarem peladas na minha frente e eu ficava maluco porque eu nunca tinha trepado e aquelas mulheres de São Paulo eram as mulheres que eu queria ter e eu batia muita punheta pensando nelas e eu queria muito vir morar em São Paulo porque no Rio não tinha Vanguarda Paulista, não tinha o grupo do Antunes, não tinha aquele frio gostoso de noite, não parecia com Nova York e as meninas do Rio eram gostosas de biquíni, todas bronzeadas, mas não tinham aquele lance de ficar com casacos elegantes de noite vendo shows de vanguarda e eu fui uma vez naquele lugar do Nelson Motta lá no Pão de Açúcar pra ver um show do Arrigo e os cariocas ficaram jogando latas de cerveja no palco e eu fiquei pensando que o Rio era uma província e ficou pior ainda quando aqueles grupos de rock começaram a aparecer e ninguém gostava mesmo da Vanguarda Paulista só eu e os paulistas aí eu fiquei sendo paulista de coração. Eu tinha um grupo de vanguarda no Rio de Janeiro e saiu uma matéria no Jornal do Brasil lançando a Vanguarda Carioca. Eu era da Vanguarda Carioca e eu tinha uma banda igual a banda do Arrigo e eu era o Arrigo e namorava a cantora da banda que tinha uma voz aguda e era igual a Tetê Espíndola e a gente sempre tocava no Circo Voador e eu achava que o Rio ia melhorar e ficar igual a São Paulo.

Eu adorava São Paulo.

Eu vim morar em São Paulo no ano de 1992 quando eu voltei da Alemanha e o Collor era presidente e todo mundo estava sem dinheiro e o Rio estava muito pobre e eu trabalhava com publicidade e as agências de publicidade do Rio estavam fechando porque o Rio é mais pobre do que São Paulo porque São Paulo é uma cidade que foi inventada só pro pessoal fazer uma grana e eu vim fazer uma grana em São Paulo e eu achava que São Paulo era a cidade mais parecida com Berlim que é a cidade que eu mais gosto e que é muito mais bacana que Nova York e muito melhor do que o Rio mas aí eu reparei que não era bem assim, que o Arrigo tinha sumido, não tinha mais Vanguarda Paulista, só tinha gente tentando ganhar dinheiro e eu não tinha mais banda e eu não era mais de vanguarda e eu trabalhava numa firma deprimente e as paulistas da firma e da Faria Lima não tinham deselegância discreta porra nenhuma e a poluição fazia meus olhos ficarem ardendo e todo mundo ficava só trabalhando e ganhando dinheiro e bebendo chops depois do trabalho e aqueles paulistas eram todos muito caretas com aqueles cortes de cabelo caretas que os chefes das firmas gostam, e aquelas mulheres caretas com aqueles conjuntinhos caretas de andar na Avenida Paulista na hora do almoço, indo para aqueles restaurantes de quilo caretas e eu sofria tanto com tanta saudade do Rio e dos meus amigos cariocas de vanguarda e de São Paulo quando São Paulo era de vanguarda e eu andava tanto de ônibus e ficava tanto tempo no trânsito com aqueles paulistas e eu morei numa rua que só tinha ferro velho e tinha uma favela sem charme atrás da casa do amigo onde eu morava e até a favela de São Paulo era careta e eu não via Nova York em lugar nenhum e dava vontade de chorar só de ver uma imagem do Pão de Açúcar na televisão e eu não conhecia ninguém em lugar nenhum e eu nunca mais vi um show do Itamar Assumpção e eu passei muitos anos assim sem nada de vanguarda, só firma, só restaurante de quilo, só Paulo Maluf que é uma das coisas mais paulistas que há e eu ficava com muita vontade de eu ir morar no Rio de novo e eu fui trabalhar no Rio e os meus amigos de vanguarda não eram mais de vanguarda e trabalhavam numas firmas e ganhavam muito mal e eu ganhava muito mais dinheiro em São Paulo do que no Rio e eu detesto dinheiro.

Adoro São Paulo.

Antes eu detestava quando eu achava que o Rio era muito melhor até que eu percebi que as coisas não são bem assim, quando eu percebi que eu sempre preferia outra cidade do que aquela cidade na qual eu estava morando antes e quando deu tudo errado naquele emprego que me levou de volta para o Rio e eu voltei de novo pra São Paulo pra fazer uma grana e eu comecei a reparar num monte de coisa boa que eu acho bom em São Paulo, que nem a Rua Augusta e a Avenida Paulista iluminada de noite no inverno e o fato de São Paulo ser uma das maiores cidades do mundo e ser um mundo tão grande e tão impossível de conhecer inteiro e o centro da cidade que é muito louco e o provincianismo muito grande, tão grande que chega a ser até moderno e os paulistas que são meio provincianos, mas de um provincianismo simpático na fila pra ver filme do Godard que ninguém gosta mais só eu e uns paulistas provincianos modernos e as músicas do Beleléu, que é o Itamar Assumpção falando de São Paulo à meia-noite e o sol alaranjado morrendo atrás dos prédios que nunca acabam no horizonte sem oceano e o zeppelin que fica passando na minha janela e o silêncio dos feriados e a noite alaranjada e as avenidas marginais alaranjadas na madrugada e a solidão que dói tanto e eu fico sentindo que há poesia em toda parte e o Itamar Assumpção morreu e São Paulo ficou tão sozinha à meia-noite e eu e São Paulo somos tão sozinhos e o universo é tão sozinho e a poesia é uma coisa dos sozinhos e eu em São Paulo gostando de sentir essa dor do Beleléu que morreu e da vanguarda que acabou e daquele tempo que eu adorava São Paulo, aquele tempo que eu detestava São Paulo. Foi tudo pro Beleléu aqui no meu coração em São Paulo.


de André Sant'Anna