quinta-feira, 22 de junho de 2006

1938

Conjunto usado na conquista do terceiro lugar no mundial da França.

1938

Na Copa da França, o Brasil jogou a primeira partida todo de azul.

1934

Na Copa seguinte, na Itália, um uniforme alviceleste, sem grande variação.

1930

Modelo que vestiu a seleção na primeira Copa do Mundo, realizada no Uruguai.

1919

Uniforme com que a seleção conquistou o Sul-Americano, seu primeiro troféu continental.

1918

Modelo usado pela seleção no amistoso contra o Dublin F.C., do Uruguai.

1917

Por conta de um sorteio, a seleção usou camisa vermelha no Sul-Americano do Chile.

1917

Primeiro uniforme com o escudo da antiga CBD, usado no Sul-Americano.

1917-1918

Modelo usado pela seleção em jogos amistosos contra uruguaios e argentinos.

1916

Uniforme usado no Sul-Americano de Futebol, realizado na Argentina.

1914

Primeiro uniforme usado pela seleção. O Brasil venceu o Exeter City por 2 a 0.

Esporte fino

O primeiro estilista e as histórias por trás das camisas verde-amarelas da seleção brasileira



Por Cassiano Elek Machado fotos Ado Henrichs

Quando os Ronaldos todos se enfileirarem para ouvir o Hino Nacional nos gramados da Alemanha, Rosemary Santos Melo vai apontar para a televisão de sua casa, em Osasco, e dizer para os quatro filhos: “Olha lá, foi a mamãe quem fez”. Essa sergipana de 41 anos nunca foi a um estádio de futebol. Ainda assim, é peça importante na campanha brasileira pelo sexto caneco. Rose é uma das costureiras dos pedaços de pano mais valorizados do país, o uniforme da seleção nacional de futebol. Elas são 550 funcionárias, e desde janeiro deste ano estão afogadas num mar amarelo, 24 horas por dia, em três turnos. Dá até choque o contraste de tonalidades. Lá fora, o rio Tietê com suas águas de uma cor que nem existe atazanando as narinas, depois as paredes cinza e ásperas da fábrica e então a “colméia”: em um salão com o tamanho de um campo de futebol, Rosemary e colegas estão cercadas por maquinários repletos de fios dourados.

Trabalham todas de fones de ouvido, sem olharem para os lados, cada uma dando um trato em um pedaço do traje. Rosemary estava às voltas com a “refiladeira”, fazendo a barra da parte de baixo de uma camisa número 10. “Sou fã do Edmundo, mas da seleção gosto mesmo é do Ronaldinho Gaúcho.” Se houvesse eleição, as companheiras de Rose votariam igual. Fazem os uniformes que vestem de Dida a Adriano, mas sentem mais orgulho quando cortam e costuram a camisa 10, não por acaso a responsável por 40% das vendas atualmente. Antonia Carlas é uma das exceções: “Meu predileto? Ah, é o Roberto Carlos, né? Que potência nas pernas ele tem”. Antonia trabalha alguns andares acima de Rosemary, mas ninguém ali na fábrica sabe de onde vem a matriz daquela peça que veste o imaginário de toda uma nação.

A matriz que veste uma nação
O desenho da mais nova “canarinho” começou a ser esboçado já em 2003, no Estado do Oregon (EUA), sob o comando de um inglês que nunca jogou bola, nunca veio ao Brasil, mas que garante à Trip que vai torcer pelo nosso selecionado durante a Copa do Mundo. Peter Hudson, diretor mundial de design da divisão de futebol da Nike, tem motivos para isso. A empresa é a responsável pelos uniformes de outras seleções nacionais. Em fevereiro, em megaevento para o qual mobilizou a imprensa do mundo todo, em um fim de tarde de -5oC no Estádio Olímpico de Berlim, a Nike apresentou as novas roupagens de suas oito equipes classificadas para a Copa do Mundo, o Brasil incluído. Mas o projeto brasileiro certamente é especial.

Recentemente a marca norte-americana renovou seu contrato com a CBF, que estipula um pagamento para a entidade de 12 milhões de dólares (mais 6 milhões de verdinhas por título mundial) por ano até 2018, o que dá uma idéia do que representam para a empresa as vendas das camisas brasileiras (os números não são divulgados). Só para o projeto da camisa verde-amarela a empresa usou cinco pesquisadores. E, mesmo que mister Hudson não tenha vindo ao país, alguns de seus escudeiros gastaram meses aqui, pesquisando coisas como a tipologia dos números que usamos em nossas moedas e a organização visual de uma gafieira. Segundo o inglês, uma forte influência para a roupa que Rosemary e companhia costuram na fábrica às margens do Tietê foi Oscar Niemeyer. “Buscamos algo simples e poderoso, como as linhas dele, e nos inspiramos nas curvas de seus trabalhos. O detalhe verde nas mangas, por exemplo, é referência ao desenho para a calçada de Copacabana”, afirma o designer (note-se que, muitas vezes atribuído a Niemeyer, o desenho da calçada de Copacabana tem origem portuguesa, e seus traços finais são de Roberto Burle Marx).


Aldyr Garcia Schlee: o criador da matriz que gerou todas as outras combinações verde-amarelas

Outra influência marcante da nova amarelinha, conta Hudson, foi a mais antiga das amarelinhas. O criador da primeira camiseta amarela da seleção brasileira foi, inclusive, um dos “fiadores” do novo projeto. Aldyr Garcia Schlee diz que achava “horrível” o modelo anterior, também criado pela Nike. O amarelo era fluorescente demais, a numeração lembrava as usadas em bolas de bilhar, os traços verdes sobre os ombros fugiam do desenho original, rabiscado há mais de meio século. Recordar é viver: o Brasil havia perdido em pleno Maracanã a final da Copa de 1950, em uma das grandes fraturas expostas do esporte nacional. A então Confederação Brasileira de Desportos e o falecido jornal Correio da Manhã resolveram que a seleção deveria aposentar seu uniforme de então, branco com detalhes em azul. Fizeram um concurso nacional em 1953 e o gauchinho de 18 anos bateu outros 300 concorrentes. Como revela o saboroso livro Futebol – O Brasil em Campo (ed. Jorge Zahar), do inglês Alex Bellos, o projeto do segundo colocado era de um traje com camisa verde, calções brancos e meia amarela. “Uma roupa horrivelmente feia”, afirma o ainda morador de Jaguarão. Aos 70 anos, Aldyr já deu muitos outros dribles em sua trajetória pessoal. O designer e diagramador virou jornalista, que virou escritor, que virou professor universitário... No meio do caminho, o criador da camisa mais importante do país deixou inclusive para trás o amor pelo futebol brasileiro. O destino o transformou em torcedor da seleção uruguaia, justamente o carrasco brasileiro na final de 1950.

Como o Uruguai não se classificou para esta Copa, Aldyr não quis ficar sem nenhuma bandeira em mãos. Assim, decidiu juntar-se a Rosemary, a Antonia Carlas, a Peter Hudson e a pelo menos outros 200 milhões em ação. Quando os Ronaldos todos se enfileirarem para ouvir o Hino Nacional nos gramados da Alemanha, Aldyr não vai apontar para a televisão e dizer “fui eu que fiz” — apesar de até poder fazer, se realmente quisesse. Em vez disso, o criador da matriz que gerou todas as outras combinações verde-amarelas vai torcer por uma sutil mudança na criatura: uma pequena estrelinha a mais sobre o brasão no peito esquerdo. Só isso.


(revista Trip)



Poema das 3 e meia

Queria te dizer
Queria te agradecer
Por existir

Queria te beijar
Queria te falar
Que você me faz feliz

Por que não eu?

Estudo indica 8,7 milhões de milionários no mundo, 109 mil deles no Brasil

20/06/2006 - 18h23
InfoMoney


SÃO PAULO - De acordo com relatório anual elaborado pelo banco de investimentos Merrill Lynch e pela consultoria Capgemini, 8,7 milhões de pessoas no mundo detêm no mínimo US$ 1 milhão em ativos financeiros. Esses milionários, no total, possuem US$ 33,3 trilhões de patrimônio.

No Brasil existiam, em 2005, 109 mil pessoas com renda maior que US$ 1 milhão, aumento de 11,3% com relação ao ano anterior (98 mil).

Afortunados enxergam à frente do mercado
É importante ressaltar que, segundo o estudo, as pessoas que possuem mais de US$ 1 milhão de ativos financeiros freqüentemente antecipam os avanços da economia e permanecem à frente do mercado na hora de investir.

O estudo apurou que os detentores das grandes fortunas declinaram seus investimentos nas regiões da América do Norte e Europa e passaram a apostar na Ásia e na América Latina.

PIB e comércio direcionaram criação de riqueza
O comércio retraído e indicadores econômicos sinalizaram que a criação de riqueza foi devagar em algumas regiões do mundo, fato mais notável na América do Norte, mas a produção de riqueza terá melhor performance em 2006.

O Produto Interno Bruto e o mercado de capitais foram os grandes direcionadores da criação de riqueza em 2005, um ano em que aconteceu desaceleração em algumas regiões, depois de dois anos consecutivos de uma grande performance global.

Os países que mais tiveram crescimento de fortunas foram Coréia do Sul (21,3%), Índia (19,3%), Rússia (17,4%) e África do Sul (15,9%). Três dos quatro países que formam o BRIC (Brasil, Rússia e Índia) ficaram entre os dez maiores crescimentos em 2005.

Por região, as áreas que tiveram crescimento significativo foram Ásia, o Leste Europeu e a América Latina, lugares em que as pessoas que possuem mais de US$ 1 milhão de ativos financeiros beneficiaram os investidores domésticos e de todas as partes do mundo.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Imperador!


Em homenagem à Copa, um papel de parede do meu xará favorito que fez o segundo gol da seleção na Alemanha e que, diga-se de passagem, é um espetáculo!!!


Luz

Estou buscando um reflexo no espelho de mim mesma.

(18.6.06)

Querer é poder?

Quero reconquistar a chance que desperdicei no começo. Mesmo que você não sinta isso, eu acho que não consigo mais ficar longe de você, não te ter na minha vida.

Não pense, não racionalize, veja, sinta...

Você não tem que gostar de mim como eu gosto de você, apenas goste de mim. Do seu jeito, no seu tempo...

Só quero carinho e afeto, alguém que se importe e se preocupe.
Quero ser insubstituível.
Quero que você me queira na sua vida, que precise de mim, que sinta minha falta, que busque a minha presença a seu lado, que me sinta sempre perto, que fique comigo, que se permita ser feliz, que me deixe amá-lo como eu nunca fiz.

(18.6.06)

Breton já disse...

A poesia é feita na cama como o amor.

Just the two of us

You and me were meant to be.
And you'll come to know me.
Soon enough you'll love me.
Or won't you?

(12.6.06)

Eu e os outros

Não tenho respostas para todos os meus questionamentos de vida nem argumentos para sustentar tudo que penso. Destrinchar minha história de vida pode ajudar a entender. Mas não sei se quero; não sei se devo. Talvez algumas coisas precisem se manter na obscuridade para que a própria vida nos ensine o que há realmente por trás. Tenho muitos sonhos e vontades mas nem tanto objetivos concretos. Acho que prefiro ser assim.

É aquela velha da ignorância ser uma benção. Como observadora, questiono o mundo ao meu redor e dentro de mim. Mas muitas vezes faço aquelas velhas perguntas às quais talvez não queira uma resposta. Prefiro verdades que doem a mentiras sinceras. Só que algumas coisas me fogem à razão. Eu quero um amor pra vida toda e não quero me conformar a nada menos que isso. A hora que eu tiver que encontrar, acharei. Ou ele me achará.

Só que é difícil pra mim, depois de boa parte de vida, suportar a idéia de que não sou o tipo que se gosta. Por que será isso? De onde vem o medo de alguns, eu não sei; não entendo.

Estou sempre a um passo de pular do precipício, me jogar ao pleno de braços abertos. Só que essa chance me é sempre tomada. Muitos se admiraram por mim, outros tantos me querem, nenhum ficaria comigo. Não sei qual o problema que encontram, mas se é unânime, não são eles, sou eu.

E eu não consigo enxergar.

A explicação do pessimismo pode ser simples. Nunca fui amada.
Nunca.

O que não faz de mim triste. Mas leva em mim um pouco de mágoa. A percepção de não ser querida em momento algum.

Isso me ensinou a viver solitariamente. Sempre fui sozinha. Desde criança. As pessoas tendem a me amar no primeiro instante e me apunhalar nos próximos, algum dia, alguma hora, acontece.

Muitos me amam como pessoa e como amiga e como família. Nenhum como a mulher que sou. Sei meu potencial e sei o que posso oferecer, mas não posso mais me iludir. E não adianta pensar: só vou gostar de quem gosta de mim. De um jeito ou de outro, eu sempre me fodo.

Minha esperança não morre. Torço para um dia encontrar alguém que mude esse meu pensar, meu pesar. Enquanto isso vou vivendo. Feliz às vezes, triste às vezes, tentando não sofrere não me machucar para não perder o tempo que me foi dado e desprendê-lo com o que no fim mais importa: minha própria vida e meus sonhos e vontades.

Na verdade mesmo, a minha busca não é por um grande amor. Isso só pode acontecer sozinho. Minha influência não pode mudar isso. Na verdade mesmo, eu só queria entender. Só quero entender como o mundo funciona e os meus defeitos. Entendo muito sobre mim mesma, mas ainda não o bastante. Sei como sou e como ajo. Mas às vezes só compreendemos um lado nosso quando alguém nos aponta essa direção.

E essa direção eu desconheço.

(12.6.06)

Gota d'água

Agarrou-se ao tempo como se ele não fosse abandonar o barco. Atirou-se ao mar em sua última chance de sobreviver. Morreu afogada na banheira de sua casa.

(11.6.06)

Aos poucos

Caminho sozinha por quebradas e esquinas, numa vida ousada e arriscada, me agarrando de quando em quando no tempo que me foge entre os dedos.
Não tenho a quem chamar de meu. Mas não me acostumo.
Se inconformar faz qualquer diferença?

(11.6.06)

Escultura de gelo

Eu queria ser feliz. Mas ninguém quer me fazer feliz.
Será egoísmo meu buscar amor para a vida?
Dou mais do que recebo e assim vivo.
Não me importo. No fundo acho que isso me machuca um pouco.
De que adianta aqueles que me acham incrível mas que não querem abraçar minha causa?
Muitos me amaram e me ama; nenhum me quer.
E eu, eu só queria um abraço forte.

(11.6.06)

Num instante

O mundo é estranho e não sabemos por quê.
A vida é escura mas cheia de luz.
Momentos de alegria constante atravessados por flashes de consciência.

Se tu ao menos soubesse...
Ah, se tu soubesse...

(10.6.06)

Além

O tempo me consome como se a vida não tivesse fim.
Pena que sempre tem uma luz onde o túnel acaba.

O velho mas APAIXONANTE eterno Chico!

Ricardo Calil escreveu isso e achei simplesmente sensacional.
Principalmente quando arremata o texto com a última frase fatídica.

O velho Chico

Em meio à enxurrada de lançamentos relacionados a Chico Buarque, um passou quase despercebido: o DVD "Desconstrução", de Bruno Natal, que acompanha o CD "Carioca" em sua edição especial. Trata-se de uma pequena injustiça, porque o documentário registra um fenômeno que nenhum outro produto conseguiu captar: o envelhecimento de Chico. Não de sua obra. Do sujeito mesmo.

"Desconstrução" deveria apenas documentar o processo de gravação de "Carioca". Mas virou o retrato de um artista quando não tão jovem. O fato de Chico ter se tornado um senhor não deveria ser novidade para ninguém. Afinal, ele irá completar 62 anos no próximo dia 19. Ainda assim, as imagens do DVD surpreendem, porque mostram uma imagem do compositor muito diferente da que estamos acostumados a ver.

A série de 12 programas dirigidos por Roberto de Oliveira para o Multishow capta diversas facetas de um herói: o Chico das mulheres, do futebol, da política, que passeia garbosamente pelas capitais européias, que ganha todas no futebol , que discorre fluentemente sobre literatura. Já "Carioca" mostra o compositor em plena forma, ainda que inspirado por um certo saudosismo musical.

Em "Desconstrução", temos um Chico inédito, que não consegue abrir emails, que não sabe explicar para que serve um DJ, que faz piada de pinto como Vinicius de Moraes, que brinca com os netos e demora para lembrar de certas palavras. Não é que o tempo dele passou. Longe disso. Mas o tempo passou para ele. Como para todos nós. Mas não havíamos percebido que isso também podia acontecer com o Chico.

O documentário traz alguns belos momentos de cinema. Como a cena em que o baixista Jorge Helder praticamente tem um colapso nervoso ao descobrir que Chico fez letra para uma de suas músicas. Ou quando o cantor tira da cartola uma antiga fita cassete com o registro de um ensaio que fez com Tom Jobim para a música "Imagina". O DVD também revela ao público a genialidade de alguns fiéis escudeiros de Chico, como o produtor e arranjador Luiz Cláudio Ramos e o baterista Wilson das Neves.

Mas o tema oculto de "Desconstrução" é mesmo a passagem do tempo. Isso fica evidente no final do filme, quando o diretor pergunta a Chico, com uma inconveniência corajosa, algo como: "Quantos CDs como esse você ainda tem dentro de si?" E o compositor responde surpreso: "Sei lá. Meio, um… Isso é pergunta que se faça?"

Para quem viu há pouco tempo o documentário "Raízes do Brasil", sobre Sérgio Buarque de Hollanda, "Desconstrução" deixa a impressão de que Chico está cada vez mais parecido com o pai. Claro, ele continua mais bonito e esbelto que o grande sociólogo nessa mesma idade. Mas está com aquele mesmo ar entre o ensimesmado e o bonachão (taí um adjetivo que nunca foi usado para o Chico). Ele demonstra um relaxamento diante da câmera e um conforto consigo mesmo que só o tempo traz – e que ajuda a explicar a maratona de entrevistas concedidas nos últimos meses.

Aos 62 anos, Chico Buarque finalmente virou um tiozinho – o que não é nenhum demérito, visto que os reles mortais costumam alcançar essa condição 20 anos antes. Agora, a MPB também tem seu "old blue eyes". Para milhões de homens brasileiros, essa constatação virá como um alívio. Chico é um fantasma que assombra gerações de heterossexuais com sua fama de bom moço, de homem dos sonhos, de genro ideal.

Por mais que nos esforçássemos, havia sempre alguém com olhos mais bonitos, com um jeito mais charmoso de cantar desafinado, com posições políticas mais coerentes, que jogava bola e escrevia melhor. Na verdade, as coisas continuam exatamente iguais. Mas é um consolo pensar que ele está um pouco cansado, que tem outras prioridades, que está noutra, enfim. Só para ter esse gostinho, vale a pena gastar uns trocados a mais para levar o DVD.

Ou talvez tudo não passe de pensamento positivo. Puro despeito, quem sabe. Como vizinho de rua do sujeito, tenho que admitir que ele continua caminhando rápido à beça. E não faz tanto assim que ele foi fotografado tomando banho com a mulher do próximo no Leblon. Outro dia, rolou até um boato que ele conseguia acertar o travessão três vezes sem deixar a bola cair – e sem recorrer a nenhum truque de computador, como o Ronaldinho Gaúcho no comercial da Nike.

Acho que Chico só vai deixar de ser esse competidor silencioso e invisível na próxima geração. Já vislumbro o dia em que meu futuro filho – se for homem, ele se chamará Francisco, mas por outras razões – vai chorar no meu ombro suas dores de amores e eu o consolarei dizendo: "Podia ser pior, filho. Você não sabe como eram as coisas no tempo do Chico Buarque." No fundo, será uma pena para ele não saber. Quem nunca teve uma mulher apaixonada pelo Chico não sabe o que é o amor.

(publicado no site NoMinimo em 7 de junho de 2006)

A minha alma gêmea

Porque Ana C. é só o que existe no abismo de nós dois.

Tantos poemas que perdi
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone - taí,
eu fiz tudo para você gostar,
(...)
talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...



Tudo que eu nunca te disse, dentro destas margens.
(...)
As cartas, quando chegavam, certos silêncios nunca mais.



Um cisco no olho, um pequeno cisco; na volta continuo a tirar os cartões da mala, e quem sabe, quando o momento for propício, conto o resto daquela história verdadeira, mas antes de sair tiro a luva, deixo aqui no espaldar desta cadeira.



Assinei meu nome tantas vezes e agora viro manchete de jornal. (...) Desço no meu salto, dói a culpa intrusa: ter roubado teu direito de sofrer. Roubei tua surdina, me joguei ao mar, estou fazendo água. Dá o bote.



Estalam as tábuas do chão, o piso rompe, e todo sinal é uma profecia.
Ou um acaso de que se escapa incólume, a cada minuto.
Este é meu testemunho.



A única coisa que me interessa no momento
é a lenta cumplicidade da correspôndencia.



Não sou dama nem mulher moderna. Nem te conheço.

terça-feira, 20 de junho de 2006

Eu alcanço

O fim do mundo
O mundo aos meus pés
Você e eu
O futuro
A vida que escolhi pra mim

Tudo que só você não entende.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

A falta percebida

Dei-me conta de que postei sobre Rilke e até coloquei meu poema baseado em meu favorito, mas não coloquei o dito cujo aqui. Portanto, esta é a hora.


You who never arrived

You who never arrived
in my arms, Beloved, who were lost
from the start,
I don't even know what songs
would please you. I have given up trying
to recognize you in the surging wave of the next
moment. All the immense
images in me-- the far-off, deeply-felt landscape,
cities, towers, and bridges, and unsuspected
turns in the path,
and those powerful lands that were once
pulsing with the life of the gods-
all rise within me to mean
you, who forever elude me.

You, Beloved, who are all
the gardens I have ever gazed at,
longing. An open window
in a country house--, and you almost
stepped out, pensive, to meet me.
Streets that I chanced upon,--
you had just walked down them and vanished.
And sometimes, in a shop, the mirrors
were still dizzy with your presence and, startled,
gave back my too-sudden image. Who knows?
perhaps the same bird echoed through both of us
yesterday, seperate, in the evening...



Tradução meia-boca para os mais perdidos:

"Você que nunca chegou
em meus braços, Amado, que esteve perdido
desde o começo,
Eu nem sei que canções
o agradariam. Desisti de tentar
reconhecê-lo na repentina onda do próximo
momento. Todas as imensas
imagens em mim -- o distante, profundamente sentido cenário,
cidades, torres, e pontes, e insuspeitas
mudanças no caminho,
e aquelas poderosas terras que estavam um dia
pulsando com a vida dos deuses -
todos se erguem dentro de mim para significar
você, que para sempre não alcanço.

Você, Amado, que é todos
os jardins que eu sempre admirei,
desejando. Uma janela aberta
numa casa de campo --, e você quase
saiu, pensativo, para me encontrar.
Ruas pelas quais me arrisquei, --
você tinha acabado de andar por elas e desaparecido.
E às vezes, numa loja, os espelhos
ainda estavam tontos com sua presença e, extasiados,
enviaram de volta minha imagem repentina demais. Quem sabe?
talvez o mesmo pássaro ecoou através de nós de dois
ontem, separados, à noitinha..."

Porque...

Você é você,
Eu sou eu,
Ninguém nunca vai nos entender,
Mas vamos nos amando até o fim.

Eu preciso de você,
Você precisa de mim,
A sintonia inebriante,
A vida que nos reserva.

Porque é assim que é.
É assim que queremos que seja.
É assim que fazemos acontecer.
Nossa vida é agora.