quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Barraqueiros Corazones

O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.

Nem no Crato...nem na Suécia. Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” com o dedinho no gelo sem uma quebradeira monstruosa.

Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava. O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim.

O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.

O fim do amor exige uma viuvez, um luto, não pode simplesmente pular o muro do reino da Carençolândia para exilar-se, com mala e cuia, com a primeira costela ou com o primeiro traste que aparece pela frente.


>> texto de Xico Sá.