quinta-feira, 6 de julho de 2006

Sessão Elis e Chico: A Banda



Nara Leão cantando A Banda no Festival da Record de 1966, que ficou conhecido pelo histórico empate artificial entre esta música e Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, interpretada por Jair Rodrigues, cujo verdadeiro resultado permaneceu em segredo durante anos.

O júri era formado por Julio Medaglia, Raul Duarte, Roberto Corte Real, Roberto Freire, César Camargo Mariano, Sílvio Cardozo, Luís Guedes, Mário Lago, Franco Paulino, Paulo Vanzolini, Denis Brean e Alberto Medauar.

Havia uma grande disputa entre as duas músicas, mas A Banda era a favorita do público por ser uma marcha fácil de cantar, festiva e contagiante, além da atratividade do par jovial formado por Chico e Nara Leão. Os mais politizados defendiam Disparada, uma canção épica que valorizava a música sertaneja, trazendo inovações no arranjo musical, como o uso da queixada de burro como instrumento.

O verdadeiro resultado dava a vitória para A Banda com 7 votos, contra os 5 de Disparada. Mas Chico Buarque se negou a receber o primeiro lugar sozinho, dizendo que devolveria o prêmio em público. A saída encontrada por Paulinho Machado foi declarar empate. Chico, que sempre evitou comentar a sua atitude nessa final, depois do II Festival da Record, entrou para a história da MPB como um dos mais queridos compositores.


A Banda (Chico Buarque)

Estava à toa na vida

O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor