segunda-feira, 19 de junho de 2006

A falta percebida

Dei-me conta de que postei sobre Rilke e até coloquei meu poema baseado em meu favorito, mas não coloquei o dito cujo aqui. Portanto, esta é a hora.


You who never arrived

You who never arrived
in my arms, Beloved, who were lost
from the start,
I don't even know what songs
would please you. I have given up trying
to recognize you in the surging wave of the next
moment. All the immense
images in me-- the far-off, deeply-felt landscape,
cities, towers, and bridges, and unsuspected
turns in the path,
and those powerful lands that were once
pulsing with the life of the gods-
all rise within me to mean
you, who forever elude me.

You, Beloved, who are all
the gardens I have ever gazed at,
longing. An open window
in a country house--, and you almost
stepped out, pensive, to meet me.
Streets that I chanced upon,--
you had just walked down them and vanished.
And sometimes, in a shop, the mirrors
were still dizzy with your presence and, startled,
gave back my too-sudden image. Who knows?
perhaps the same bird echoed through both of us
yesterday, seperate, in the evening...



Tradução meia-boca para os mais perdidos:

"Você que nunca chegou
em meus braços, Amado, que esteve perdido
desde o começo,
Eu nem sei que canções
o agradariam. Desisti de tentar
reconhecê-lo na repentina onda do próximo
momento. Todas as imensas
imagens em mim -- o distante, profundamente sentido cenário,
cidades, torres, e pontes, e insuspeitas
mudanças no caminho,
e aquelas poderosas terras que estavam um dia
pulsando com a vida dos deuses -
todos se erguem dentro de mim para significar
você, que para sempre não alcanço.

Você, Amado, que é todos
os jardins que eu sempre admirei,
desejando. Uma janela aberta
numa casa de campo --, e você quase
saiu, pensativo, para me encontrar.
Ruas pelas quais me arrisquei, --
você tinha acabado de andar por elas e desaparecido.
E às vezes, numa loja, os espelhos
ainda estavam tontos com sua presença e, extasiados,
enviaram de volta minha imagem repentina demais. Quem sabe?
talvez o mesmo pássaro ecoou através de nós de dois
ontem, separados, à noitinha..."