quinta-feira, 29 de junho de 2006

O maior erro do nosso país, mas...um fato

Infelizmente, no Brasil, a televisão é mais importante que o cinema. Infelizmente MESMO porque temos um dos melhores cinemas do mundo, absolutamente genial, competente e inovador. Com roteiros únicos que vão desde o mais pobre sertão até a alta sociedade carioca, tudo com diretores de fotografia geniais.

Nossos diretores são excelentes, nossos atores também, nossos roteiristas idem, e nada se compara aos nossos diretores de fotografia. O maior exemplo que posso citar sobre essa minha grande paixão de vida que é a direção de fotografia de filmes tem nome e sobrenome: César Charlone.

Já viu Cidade de Deus?
Então sabe do que estou falando...

Sim, a TV é importante, e a do Brasil é ainda mais significativa, com produções que realmente movem as massas. Mas e a cultura? Cadê a cultura da nossa televisão? Ela se resume a um canal aberto com esse mesmo nome...o que é uma pena. Uma pena mesmo.

Afinal, o brasileiro só tem toda essa paixão pela TV porque a própria mídia inseriu esse conceito na cabeça dele. E agora muitos revolucionários e visionários estão tentando fazer o caminho inverso, mas ainda é difícil.

Por que as maiores bilheterias brasileiras são de filmes toscos que parecem mais um grande capítulo de novela?
Porque o povo não aprendeu ainda o que é cinema de verdade.
Porque o povo nem sabe quem é Cláudio Assis, Nelson Pereira dos Santos, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Anselmo Duarte, Laís Bodanzky, Eduardo Coutinho, João Moreira Salles, Leon Hirszman, Lírio Ferreira, Marcelo Masagão, Ugo Giorgetti, Glauber Rocha, Breno Silveira e tantos, tantos outros cineastas brilhantes.

Tenho pena de quem acha que tudo se resume a novelas e Hollywood.

E o que me levou a dizer tudo isso foram os comentários do Silvio de Abreu na Folha de São Paulo. Tudo bem, o cara é muito bom e respeito o trabalho dele na televisão. Sim, é um fato que a televisão no Brasil é mais importante que o cinema. Sim, há mais televisores do que geladeiras na casa dos brasileiros. Mas apologia à TV pra cima de mim? NÃO!

Silvio de Abreu é o diretor da atual novela das 8, Belíssima, e já dirigiu outras grandes novelas, como Guerra do Sexos. Antes de ir pra TV, foi diretor de pornochanchadas como Elas são baralho e Mulher objeto.

O melhor é que Ricardo Calil concorda comigo de certa forma, dizendo:

As declarações de Abreu rendem uma boa discussão. Mas todas são, no mínimo, discutíveis. Luiz Fernando Carvalho realizou um filme (”Lavoura arcaica”) muito superior a seu trabalho na TV. Fernando “Cidade de Deus” fez sucesso com uma estética radicalmente diferente da televisiva. “Dois filhos de Francisco”, “Carandiru”, “Se eu fosse você” e outros tiveram mais público que prestígio. E, por fim, audiência não é sinônimo de relevância cultural.

Já Silvio de Abreu diz:
Das pessoas que saem da TV para fazer cinema não vi ainda ninguém ter feito um filme melhor do que o trabalho que fazia na televisão.

O cinema brasileiro atualmente faz sucesso de público quando chega muito perto da TV, como “Se Eu Fosse Você”.

Ele está vivendo de prestígio, não de público. Tem festival em Tupaciguara [MG], festival em não sei onde. No final, o cara diz: “Ganhei um monte de prêmio”. Isso não quer dizer nada. É bom para botar na estante. Eu também tenho um monte de prêmio. É ótimo. Obrigado. Taí. Mas eu estou fazendo um trabalho que atinge 60 milhões de pessoas por dia.

Na TV, tenho uma excelente produção e o melhor elenco do país, porque, vai me desculpar, mas não existe elenco melhor do que o que tenho em “Belíssima”. Trabalho com os melhores atores do país. As minhas idéias estão lá. Atinjo 60 milhões de telespectadores por dia. Por que cinema é mais importante? Não entendo.