quinta-feira, 20 de julho de 2006

China

Eu achava que ia escapar, mas não teve jeito. Fui entrevistado por Jú Barros, jornalista e minha amiga.
vamos lá...

Sou China, tenho 26 anos, 2 filhos e atualmente toco a minha carreira solo, o Del Rey e apresento um programa de TV, o Estereoclipe.
Essa entrevista foi concebida por email.

Jú Barros: Oi moço, tudo bem? Agora é a sua vez de ser entrevistado. E já que você gosta de perguntar vou começar querendo saber como foi o seu carnaval?

China: Sabia que isso ia acontecer...hahahahahahaha.
Meu carnaval foi ótimo, longe da folia, com a família, amigos...uma paz. Não sou muito fã de carnaval. Já gostei mais, hoje em dia me conservo distante, a não ser que tenha que trabalhar. Aí não tem como fugir.

J.B: Você não tocou no carnaval, mas subiu no palco do Marco Zero, no Recife, no show de Silvério Pessoa, Lula Queiroga e outros, qual foi a sensação?

C: Eu fiquei feliz pelo convite de Silvério. Ele e Lula Queiroga tem uma coisa muito bacana...sempre procuram estar perto de gente nova, se reciclando, dando dicas. Acho isso muito bacana. Gostei de dividir o palco com eles, com nena Queiroga, Alceu Valença...me senti honrado pelo convite.

J.B: Antes teve a prévia do Bloco Guaimum Treloso. Foi um ensaio?

C: Foi nada!!! Ali foi show mesmo. E dos bons. Mas foi depois desse show que partiu o convite de Silvério.

J:B: Quanto tempo de carreira você já tem?

C: Acabei de parar pra pensar nisso e descobri que eu tenho 9 anos de carreira. Conto pela data que começou o Sheik Tosado, 1997. Nem tinha me dado conta de que era tudo isso.

J.B: Por que voltar a morar em Recife depois de iniciar uma carreira solo no sul do país?

C: Acho que o Recife tá com uma condição muito melhor de trabalho do que o Rio de Janeiro, por exemplo. No Rio é muito complicado (falo do Rio porque fui morar lá). Você tem que dar convite a todo mundo e acaba sem nenhum tostão. Eles ficam chateados se não tiver nome na porta, essas coisas (em Recife ta acontecendo mesmo...kkkkkkkkkkkkk). É uma cidade legal, mas artisticamente só funciona como vitrine, dinheiro que é bom nada. Mas é engraçado isso. Nunca fiquei no Rio completamente, sempre tava por aqui. Aí foi aquela coisa: A saudade já tava grande, começaram a pintar várias coisas diferentes pra mim, vários convites, e aí eu resolvi voltar de vez. Não descarto a possibilidade de voltar pra lá, mas agora quero ficar um pouco aqui.

J.B: Dá pra viver de música em Pernambuco?

C: Não dá pra ser rico e nem dá pra comprar tudo o que eu quero, mas não posso me queixar das coisas. Dá sim pra viver de música em Pernambuco. Claro que o circuito é pequeno, a cidade não tem muitos lugares para se fazer shows, mas se o cara tiver uma regularidade de shows, dá sim para pagar as contas no fim do mês. Algumas pessoas falam que existe panelinhas e tal...porra, se existem as panelinhas, vire o tempero! Esteja em todas elas.Outra coisa: As bandas não fazem temporada num mesmo lugar. Tipo: Um mês num teatro, num bar, o que for. Isso é um lance que deveria rolar. Em São Paulo rola que é uma beleza, mas aqui nego tem esse medo pelo fato da cidade ser pequena, mas isso não rola. O Del Rey tocou um mês no super 8, e todas as semanas foram lotadas das mesmas pessoas. No fim do mês a gente já sacava a cara das pessoas, o lugar que elas ficavam, tudo igual.
Dá pra ganhar dinheiro em Pernambuco se o cara correr atrás!!!

J.B: São dois discos gravados, mas vamos falar do último, solo, "Um Só", como foi experiência de entrar no estúdio sem a antiga banda pra dividir a responsabilidade?

C: Foi lindo! Uma paz que você não acredita. Eu sabia o que queria desse disco. Timbres, conceito, tudo. Passei quatro anos pensando nesse disco. Trancado, escrevendo...se fosse com uma banda ia ser nó cego. Todo mundo ia dar pitaco, ia ser uma confusão danada...hahahahahhaaha. Banda tem dessas coisas...é uma comunidade e todo mundo tem uma opinião. Todo mundo quer falar algo, nem que seja só besteira, mas todo mundo quer.
Mas idéia já tava tão amarrada, que não rolou nem ensaio nem nada. O cara ia lá no estúdio, escutava a pré que eu tinha feito em casa, dizia mais ou menos o que queria, e o cara ia lá e barbarizava. O que foi mais legal, é que todos os músicos compraram essa idéia, e acrescentaram às músicas coisas muito melhores do que eu tinha pensando.

J.B: Del Rey, seu projeto paralelo junto com os meninos do Mombojó está indo muito bem. Você sente que a profissionalização dele está perto?

C: O Del Rey foi a idéia mais genial que a gente já teve. Nunca vi um negócio assim. O mais engraçado é que é tudo brincadeira. A gente não leva a sério a banda. É apenas a vontade que a gente tem de tocar, de tá junto, fazendo o que a gente gosta. As pessoas é que levam o Del Rey a sério. Tem gente que chega e diz: “Cara, vocês tem que gravar um disco.Tem que tocar na rádio e tal”. Isso é muito engraçado...somos uma banda COVER e querem que a gente toque no rádio. Tem gente que diz que somos melhores que o Rei. É uma onda isso. A gente só faz se divertir com essas coisas. Mas é um lance massa essa banda, é uma alegria da porra, no final a gente ainda ganha um trocado e homenageia o Rei Roberto. Heheheehehehehe.
Agora eu não entendi o fim da pergunta. A profissionalização de quem? Do Del Rey? Essa nunca. Do Mombojó? Eles já são profissionais a muito tempo.

J.B: Como é tocar Roberto Carlos de trinta anos atrás?

C: É como eu disse acima, uma alegria da porra. Nunca vi música mais contagiante, letras tão diretas, simples mesmo. O cara narra o amor verdadeiro, sem rodeios, sem Zezé di Camargo, essas coisas. É uma puta responsabilidade interpretar o Rei. Ele é o maior cantor do Brasil, merece um grande respeito. Não só ele, Erasmo também. Um compositor genial. Esses caras deveriam ser símbolos do país. De verdade mesmo. Não posso subir no palco e achar que estou cantando qualquer coisa. Tô cantando o amor, tenho que passar amor para o público, alegria, sinceridade. Enfim...Salve Roberto, salve Erasmo.

J.B: Como andam as suas próprias composições? Fala um pouco do processo criativo.

C: Eu escrevo praticamente todo dia. Claro que tem vez que rola o esquecimento total. Não vem nada na cabeça, nenhuma idéia, nada. Aí é uma merda, e se o cara ficar noiado piora. Já passei por isso uma vez e foi terrível. Passei 4 meses sem escrever. Já tava feito louco, mas aí um dia as idéias voltaram, a poesia chegou. Mas escrevo sempre e guardo tudo no infinito, minha gaveta de escritos. Esse negócio de processo criativo eu não sei como funciona. As vezes eu escrevo a letra e depois faço a música, as vezes é o contrário...não tem uma coisa certa. Mas um lance que eu me amarro é tentar escrever na hora que eu ouço a música. Com os meninos do mombojó rolou muito isso. Eles vinham aqui pra casa e a gente ficava escrevendo e tocando violão a tarde toda. Acredito que as 5 músicas que eu tenho parceria no disco deles saíram em pouquíssimos dias.

J.B: Vida cibernética. Você utiliza muito a web?

C: Muito! A internet é aquele espaço garantido para todo mundo. Você pode ser alguém em potencial dentro da rede. Basta saber usa-la da forma correta. “A força está com você, Luke”.

J.B: Blog, orkut, msn, software livre, de que maneira essa tecnologia te auxilia? Se te tirassem o micro o que você faria?

C: Se me tirassem o pc eu tava na merda. Costumo dizer que o msn é meu gerente de marketing. Mando minha música pra muita gente, de muitos lugares diferentes. É a maior mão na roda. O orkut por exemplo: tenho contato com 1250 pessoas. Cada email que eu mando vai para 1250 pessoas. Isso é muito bom para divulgar shows, contar novidades...sem internet não dá mais, principalmente pra gente que é “independente”(odeio essa palavra). É o canal que a gente tem pra circular o nosso trampo.

J.B: Como o Estereoclipe apareceu na sua vida?

C: Felipe Falcão, o diretor do programa, tinha convidado Fabinho Trummer para fazer, mas ele tava ocupado com as paradas do Eddie e não ia poder, aí Felipe me chamou. Mas depois Fabinho se organizou e topou fazer a parada. É legal pelo seguinte: Somos dois falando de um universo que a gente vive e conhece bem, e não prejudica as nossas carreiras. Quando um viaja em turnê, o outro segura a onda.

J.B: O que mudou pra você, além de cantor agora é também apresentador de tevê?

C: Aprendi outras coisas, outras formas de falar com o público. É um lance bem interessante de fazer. E lógico que também ajuda na minha carreira de músico. Tem mais gente me vendo, tô atingindo outros públicos que nem sabiam que eu existia. Talvez eu venda mais disco...heheheheehehe. Mas o mais legal é poder tá mostrando para as pessoas como a nossa cena musical funciona. Mostrando que temos uma música que pode ser ouvida por todos, sem essa onda de gueto. Fazemos música para as massas. Um exemplo disso é o clipe de Erasto Vasconcelos: O clipe dele é o mais pedido, campeão disparado no programa. Todo mundo gosta. Um dia eu entrei na padaria que fica na esquina da minha casa, e uma balconista disse:” O clipe dos jabutis é muito bom. A música é massa pra dançar. Toda vez que tu passa isso no programa a gente fica dançando aqui”. Ela estava se referindo ao clipe do Chambaril, que faz uma música eletrônica e sem voz, sem cantor. Não é bacana isso? Quando a balconista da padaria ia ter acesso ao Chambaril? Nunca!

J.B: O que mais te decepciona na imprensa, a pernambucana, por exemplo?

C: A falta de cuidado que eles tem com a matéria. Erro de português é bóia. Um jornalista não pode escrever errado, ainda mais tendo um computador que corrige o que a gente escreve errado. Uma vez um jornalista escreveu sobre o meu disco...tu acredita que ele errou o nome das músicas? Escreveu errado, e com o disco na cara dele. Isso é foda. A falta de cuidado que eles tem com a notícia é uma coisa que me deixa muito triste. Também não gosto dos críticos musicais que tem aqui. Não vejo argumento, certeza no que estão dizendo. As vezes eu acho que eles pensam que se garantem nisso. Não deviam pensar assim...hahahaahahahaha. Mas daqui de recife gosto muito de Renato L. e Julio Cavani. Esses tem sempre bons argumentos, são sinceros, e não querem crescer as custas de polêmicas.


J.B: Você acredita em gnonos, papai noel e no Sport Club do Recife?

C: Você acredita que o Santa Cruz vai passar mais de um ano na primeira divisão?

J.B: Quando teremos o ar da sua graça nos palcos novamente?

C: Em breve...parece que tem um Del Rey em abril. E show meu só deus sabe quando. Tô concentrado no disco novo agora.

J.B: Como fica a produção do segundo CD solo?

C: As músicas estão prontas e acredito que, no máximo em abril, já esteja no estúdio gravando. Tem umas novidades aí pra rolarem, mas não posso adiantar agora. Posso dizer que vou produzir o meu disco com a ajuda de amigos.

J.B: E pra terminar: Você já casou?

C: Não!


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Fonte: Comunidade Que conversa é essa?! do China em 12.3.2006.