quinta-feira, 20 de julho de 2006

Priscila Melo

“Priscila Melo. trabalho com o Mundo Livre S/A e em produção de shows, eventos e festivais. Tenho 23 anos. É isso mesmo, 23 anos, e daí? Só porque a banda que eu trabalho tem 22 anos de estrada. Eita preconceito”

*Essa entrevista foi concebida via msn.

China: É difícil trabalhar com uma banda grande, sendo tão nova?

P.M: É difícil, mas é uma escola danada. Trabalhei sempre com bandas menores, o Mundo Livre já tem uma história. Ou você estuda, corre atrás e tem argumentos e iniciativas ou você fica para trás. Eu era e sou fã da banda então não foi tão difícil assim, já trabalhava também com Bactéria na Variant TL (projeto paralelo de Bactéria).

C: Então quer dizer que os caras não dão trabalho?

P.M: Oxi, e se não dão. São 5 personalidades completamente diferentes, fora a técnica que são mais 5, daí você tira.
Um acorda e quer tomar café da manhã as 11h o outro acordou as 7h e já quer almoçar. O legal é que todos da banda se respeitam.

C: O Mundo Livre tinha dado uma estacionada há um tempo atras. O quinto disco não rodou bem, e desde que você assumiu a banda, ela vem num crescente radical. Muitos shows marcados, uma certa organização...mas trabalhar com banda consolidada é mais fácil, né?

P.M: Com certeza. Eu ligo para os contratantes e todos (a maioria) sabe quem é o Mundo Livre, não preciso convencer que o som é legal, meus argumentos são outros. A banda realmente no quinto disco deu uma desacelerada, entrei na banda no momento perfeito, pois acompanhei o processo de gravação do Bebabogroove. Com um disco novo na mão ajudou bastante para que ano de 2005 fosse o ano onde a banda fez mais shows.

C: tu acha o Recife um cenário propício para viver de produção? Afinal, temos poucos que são bons.

P.M: Viver de produção unicamente em Recife é difícil, Mundo Livre é nacional por isso que consigo me sustentar, a banda também consegue. É difícil ser uma banda nacional e morar em Recife. É a única coisa que me dificulta na hora de fechar show, as danadas das passagens aéreas.

C: Me diga alguns produtores que você admira em Recife.

P.M: Gosto muito do trabalho de Paulo André. O Porto Musical me proporcionou muita experiência. fui nas duas edições e aprendi pra dedel. Troquei contatos, fechei muitos shows...o porto Musical me permitiu conhecer pessoas importantes do meio. Mas acho que tá surgindo uma nova geração de produtores onde eu me incluo, que são competentes e esforçados. A profissão 'produtor" ainda é muito nova.
Ou você corre atrás, pesquisa dá sua cara a tapa ou se dá mal pois não rola livros ensinando como produzir bem.

C: Uma vez alguém me disse uma frase assim: A groupie de ontem, pode ser a produtora de amanhã. O que você acha dessa colocação?

P.M: Acho um luxo. Quero que você me diga quem não é groupie. Não deixei de ser por estar produzindo não. Areia (baixista do MLSA) tira sempre uma onda comigo, diz que assim que a banda tiver pronta para entrar no palco eu tenho que sair, enfrentar fila, comprar o ingresso para assistir o show, e que produtora não pode dançar. Isso é para encher o meu saco, eu sou a mais animada.

C: Tu é groupie?

P.M: Acabei de responder.

C: É que eu não acreditei no que li antes. São poucas pessoas que tem coragem de assumir isso.

P.M: Sou, mas não sei qual é o seu conceito de groupie. Pra mim groupie é quase uma menina líder do fã-clube. É que hoje em dia isso é mais difícil.
Vou para quase todos os shows, berro na frente do palco, você sabe disso China, no seu é onde mais grito, tirando o Eddie. Adoro!

C: Hahahahahahaahaha.
Tu acha que o governo de Pernambuco divulga e apoia a música daqui, ou usa o respeito que a música pernambucana tem no mundo para tirar proveito?

P.M: Acho sim que eles tiram proveito, depois do Manguebeat então, nem se fala. É muito engraçado pois tem um orgulho danado da parte deles. Ajuda que é bom, nada.

C: Tu tem uma memória que não é muito boa, vive esquecendo das coisas. Como é isso no trabalho? Muda?

P.M: uhauahuahuhuahua!
É mesmo, não tenho uma memória muito boa não. É verdade. Mas anoto tudo no meu computador. Se ele der um pau, ai, ai, ai, não quero nem pensar nisso. Quando viajo faço uma planilha com todas as informações necessárias para aquela viagem. Sou organizada, uma coisa supera a outra. Tenho duas agendas. Uma fica em casa com as mesmas informações da outra, se eu perder tenho uma de reserva.

C: Mas você lembra de ver as agendas?

P.M: Lógico que vejo, se não já teria esquecido de algum show. Teve uma vez que fizemos em 15 dias, 12 shows e um vídeo clipe, tudo deu super certo, o que você me diz? Organização bombando.
Me lembra produções!

C: Tu acha que tem gabarito para construir a carreira de uma banda nova?

P.M: Tenho, hoje tenho. O MLSA me ensina todo dia, é uma banda grande e com ela fiz muitos contatos, aprendi muita coisa. O problema é tempo, que agora está sendo solucionado, ontem aluguei uma sala com Luisa Accetti, minha mais nova sócia. Lá vamos abrir uma produtora, não dá pra ficar sozinha, é burrice, acumulo de funções.

C: Pode ser que eu passe lá para ver o serviço de vocês. onde vai funcionar?

P.M: No edifício São Gabriel, conhece? Amanhã é dia de faxina, se quiser pode aparecer lá para dar uma forcinha, será bem vinda.

C: Onde é esse edifício?

P.M: Na rua da moeda, o mesmo de Carlós, Paula de Renor, um rosa na rua da Assembléia, número 67.É uma esquina com a rua da moeda. Lá será sua sede também. Queremos te vender.

C: Eu não sou garoto de programa...hahahahahaahaha.
Dividindo as tarefas, vocês pretendem pegar mais bandas?

P.M: Lógico que queremos mais bandas. Já estou vendo algumas coisas para o Otto. O empresário dele é Geraldinho Magalhães, mas nada me impede de fechar show para ele. Trabalho com parceiros. Variant, Gaspar. Muitos festivais não tem o perfil do MLSA. Posso muito bem vender outra banda, e nada impede da banda ter sua própria produtora. Depende da negociação com o artista.

C: Então seria apenas um esquema de venda de shows e não construção de carreira mesmo?

P.M: Depende da negociação com o artista. No seu caso por exemplo: Você está sem produtora nem empresária, e com um CD quase pronto, posso muito bem trabalhar seu novo disco, vender show, divulgação. Isso vai depender do acordo que será feito com o artista

C: Bela proposta. Vamos encerrar a entrevista e começar as negociações.


Orkut da Priscila Melo aqui.

Fonte: Comunidade Que conversa é essa?! do China em 12.5.2006.