quinta-feira, 20 de julho de 2006

Rodrigo Édipo

"Meu nome é Rodrigo Édipo, tenho 23 anos, e sou formado em publicidade. Tive algumas experiências no ramo, porém sempre não muito empolgantes. Recebi um convite da equipe do Giro Cultural pra trabalhar com eles no ano passado e estou lá desde agosto. Meu primeiro trampo foi cobrir o festival Coquetel Molotov, onde vi um dos melhores shows da minha vida. o Berg Sans Nippels."

China: Então você é jornalista sem ser jornalista?

R.E: Não sou jornalista. Sou formado emcomunicação social, e vou entrar como portador de diploma em algum momento na minha vida.
Mas não agora, pois me formei em novembro passado.
jornalismo é minha grande historia. Sem dúvidas.

C: Eu acho que o cara não precisa de uma faculdade para ser jornalista.

R.E: É engraçado isso. Eu também não, mas por outro lado é triste ver amigos meus jornalistas, praticamente me perguntando se tem vaga no giro. Acho que as coisas sempre devem ser feitas de uma maneira certa. E acho que o certo é um cara estudar jornalismo, se especializar. Porque não podemos desvalorizar um curso superior nunca, e consequentemente o cara estará preparado. Normalmente mais preparadao do que um cara que fez publicidade. Mas a gente sabe que as coisas aqui no país são meio complexas. Tem muito arrumadinho, cara. E tipo...tem gente muito boa de fora...porque Luciana Gimenez pariu lucas!

C: hahahahahahahaa

R.E: É foda! Porra se tudo fosse certinho podiam dizer, "beleza...não é necessário diploma pra trabalhar em jornalismo (hoje em dia precisa), porque fatalmente um cara que estudou jornalismo tá há anos-luz de uma pessoa que estudou economia".
Mas as coisas são complexas.

C: Tu confia no que escrevem em websites?

R.E: Não confio no que falam na globo. Não confio nem mais no meu pai fala, mas acho que temos que dar crédito sim, porque sabemos que o mercado tem pouco espaço pra todo mundo, então pode sim ter muita gente boa e competente escrevendo em um site empoeirado pelas estantes da web.

C: Os jornais impressos são mais confiáveis?

R.E: Eu leio e filtro.
Não necessariamente. Tenho o memo cuidado, cara. São informações broadcasts como grandes jornais. Merecem sim serem questionadas. Ô se merecem!
A gente sabe que a realidade não tá estampada no caderno C. E sim uma realidade escolhida. Não temos livre arbítrio de porra nenhuma. A realidade e liberdade da gente é pre-estabelecida e pronto.

C: Acho bacana essa coisa da internet. Todo mundo pensa e escreve o que quiser. Tem o mesmo espaço lá, é bastante democrático, mas é um lance perigoso. A palavra é muito perigosa. O cara tem que tá esperto no que escreve. E quem escreve em blogs, por exmplo, escreve o que quer, pois não tem um chefe para detoná-lo.

R.E: Mas esse lance de não ter chefe é bom. Curto anarquia, a auto organização.

C: Eu posso escrever que voce é gay por exemplo, e todo mundo que entrar na minha comunidade vai ler e achar isso, saca? É perigoso.

R.E: Sim, mas uma verdade dita dessa forma não se sustenta por si só. É um conjunto de fatores.
se tu diz que eu sou gay e eu no dia a dia não demonstro isso...tchau tchau pra tua afirmação, entende?
precisa de que? Conteúdo, fontes confiáveis.

C: Ou não! E se o cara for um leitor de SP, por exemplo? Ele vai demorar pra descobrir que tu não é gay.

R.E: As pessoas não são tão estupidas. Elas tem outro acesso a respeito de você. Não só em um lugar, entende? Internet tá aí pra isso.

C: Usei esse exemplo para falar de outra parada...

R.E: Ah bem. Pensei que tu tava me acusando.
hehehe.
Quem ler isso aqui, pode ir no meu orkut, tem lá: Heterossexual. Busquem outras fontes.

C: Tem um site, o recife rock (www.reciferock.com.br), que sempre escreve críticas detonando show do Bonsucesso, Eddie, eu mesmo, e a maior galera que eles não tem afinidades musicais. Esse site é referência no Rio e em SP porque as pessoas procuram sobre a música pernambucana lá. um cara de SP me perguntou se Rogerio do bonsucesso era desafinado mesmo. Outra pessoa que conhece mais da cena falou o seguinte: Esses caras só falam sobre o que gostam e metem o pau no resto. Isso é ruim, porque um lance que poderia ser refêrencia para uma galera, acaba se fechando num gueto.
A mesma coisa é DJ Dolores falando mal das bandas daqui. Ele é respeitado no mundo, devia levantar a bola da cidade.

R.E: Mas veja só. Você tem que acreditar também nas pessoas que tão lendo aquilo. Na capacidade intelectual de cada um. Personalidade
principalmente quando se fala em cultura. Tem nenhum zé mané lendo isso não. E esse lance de Dolores é triste pra caralho sim. Ele é um líder de opinião maior que Hugo Montarroyos(recife rock), aí preocupa.
E pô, deixa o cara achar que o pessoal é desafinado. Ele escreve o que quer. A turma vai se ligar caso ele queira se promover ou coisa parecida (que acho que não é o caso).
Agora acho muito que a síndrome "Diogo Mainardi" tem permeado nos jornalistas sim.

C: É verdade...ahahahahahaha.

R.E: Todo mundo quer falar o que pensa, mas esquece de pensar.

C: Boa essa.

R.E: Saca? A estrela é o artista, sempre boto isso na cabeça quando escrevo. E o pessoal do giro é bem relax quanto a isso. Lá o clima é leve, saca?

C: Eu noto que o giro cultural é um site que fica sempre em cima do muro.

R.E: Ué! De forma alguma. As opiniões são dadas. Tu que tais mal acostumado com as opiniões "bombásticas" dos outros.

C: Vai ver que é isso. Mas falo o lance de ficar em cima do muro, por não entrar em nenhuma polêmica. Tá sempre ali, informando sem querer polemizar.

R.E: Acho o nosso site mais opinativo que o recife rock.

C: Como assim?

R.E: O recife rock tem um propósito mais de ser uma grande assessoria de imprensa pras bandas, e eles fazem isso muito bem. É louvável o trabalho deles. Mas nós temos colunistas que só a porra. E coluna é opinião. Então toda semana tem neguinho dando opinião lá, é só checar. Bruno Nogueira e Wilfred Gadelha são meus prediletos.

C: Dá pra ganhar dinheiro com web site? Não conheço ninguém que ganhe dinheiro com isso.

R.E: Noso site é mantido pela secretaria de educação e cultura. Nós temos sim um salário no fim do mês. Mas assim, com web não dá pra ganhar grana não. Só agora de uns tempos pra cá é que o lance tem fervido.
é coquetel molotov (www.coquetelmolotov.com.br), recife rock, nós, o cicuito pe(www.circuitope.com.br) de Leo, mas tudo é um embrião, cara. Um dia isso pode ser grande. Estamos numa fase de semear. Quem vai colher são os pirralhos de hoje em dia no futuro.
O lance é que ninguém acredita em propaganda na internet, aí faltam patrocínios. Espero a cada dia que surjam mais sites com um porpósito próximo aos supracitados, porque assim aquece a concorrência.
Isso é saudável pra caralho.

C: E a revista do giro cultural? Como se deu esse esquema?

R.E: Bicho, a revista é um projeto antigo. Antes até deu baixar por lá, mas foi meio que engavetado porque quem bate o martelo não é a gente. Então esse ano tentou-se mais uma vez, a proposta foi re-feita até que a secretaria aceitou. É uma revista que a gente busca expandir um pouco mais o conteúdo do site, que é muito preso a cultura local.

C: Eu gostei da revista, mas achei o número 1 um pouco bobinha, assim como as outras.

R.E: É a primeira cara, sempre é meio nas coxas. Eu na verdade curto muita coisa dali, mas plasticamente pecou pelo simples fato da gráfica ter fuleirado conosco. A impressão ficou horrível. Aquela na verdade é uma edição experimental. Essa que chega agora em março é a número 1. Aí tu vai ver como a coisa mudou. Revista outracoisa. Hehehehe.

C: Aquela matéria dos indies x originais olinda style é ridícula. Hahahahahaha. Já disse isso pro Bruno.

R.E: Ridícula em qual sentido?

C: É uma coisa que não precisa.

R.E: Você acha que a gente fez aquilo para reafirmar isso? Não foi não.

C: Reafirmar não, porque isso não existia com tanta intensidade. Achei besta. Poderia usar aquela página para algo mais legal.

R.E: E divisão na cabeça das pessoas tem existido sim. Aquela matéria foi massa. Foi de bom humor.

C: Bom,acho que não precisava.

R.E: Opinião de consumidor.

C: Exato!

R.E: Me sinto lisonjeado por você ler a nossa revista, porque assisto muito seu programa.

C: Acho legal essa iniciativa. É aquela coisa: Quanto mais circular informações das bandas daqui, melhor pra todo mundo

R.E: O lance é união cara, né?

C: Claro! Penso muito assim.
Você acha que Recife é a terra da inveja?

R.E: Acho que o mundo tem muito disso, cara. Não posso dizer que Recife tem essa particularidade. É foda, deixei a publicidade porque sentia muito isso no meio, mas depois percebi que tem em todo canto.
A parada é a gente meio que fazer vista grossa a essas bad vibes. Que acontece acontece, mas esse espaço aqui da tua comunidade é uma boa oportunidade pra se louvar outros temas. Talvez temas que façam agente esquecer tudo isso.
Apertar sempre na mesma tecla é trash metal! Vamos seguir em frente cara. Tu não acha?

C: Acho sim. As panelas existem, então seja o tempero delas. Entre em todas.

R.E: Exato.
Velho, a merda é a merma. Vamos ser as melhores moscas. Hahahahahahaahahaha.

C: Acho que é isso. Mas algumas coisa?

R.E: Só agradecer o espaço mesmo, cara. E pense sempre em contemplar temas agradáveis, mas sem cair na alienação.


Site do Giro Cultural aqui.

Fonte: Comunidade Que conversa é essa?! do China em 24.3.2006.